sexta-feira, 18 de março de 2011

Foi mesmo um Tititi

Acabou Tititi e a impressão que fica é que a única coisa que a novela de Maria Adelaide Amaral tem da escrita por Cassiano Gabus Mendes em 1986 é o nome. O estilo farsesco e escrachado dessa nova versão me lembra muito mais a clássica Guerra dos Sexos de Sílvio de Abreu do que a outra trama. Não assisti a novela por inteiro, então, não me atrevo a analisá-la, falo isso pelas poucas coisas que vi e principalmente pelo último capítulo que foi ao ar hoje. O que é aquela banda de Jaqueline por exemplo? A mistura de personagens, as brincadeiras, referências e total falta de senso de ridículo é genial. Drica Moraes estava hilária. Maria Zilda tocando, uma figura. Vera Zimmermann também. O time funcionou perfeitamente e, ao contrário de Sandra Brea na primeira versão, Jakie foi mesmo um arraso, conquistando o público.

Uma coisa que não consigo entender é o sucesso desse novo Jacques Leclair. Nada contra a Alexandre Borges que já fez muitos papéis interessantes, mas essa coisa caricatural, cheia de caras e bocas realmente não me convence. Dá agonia, é bem da verdade. Tão diferente de Reginaldo Farias que era um homem muito mais normal. Já Murilo Benício me surpreendeu. Consegui simpatizar com o Ariclenes dessa versão muito mais do que com o próprio Luis Gustavo. Pena que ele acabou ficando com a Marta nessa versão, ao invés de seu eterno amor Suzana, que na época era vivida por Marieta Severo.

A mistura de tramas como Plumas e Paetês acabou prinvilegiando muito mais a trama dessa segunda novela quando o assunto é melodrama clássico. O triângulo vivido por Marcela, Edgar e Renato monopolizou boa parte das atenções, sendo o grande mistério no final e o gancho do penúltimo capítulo. Não me surpreende tanto, já que apesar de menos lembrada a trama de 1980 era forte e todos gostam de um bom romance. Só para pontuar, na versão original o triângulo era composto por Elizabeth Savalla, Cláudio Marzo e José Wilker. A crescente atenção desse triângulo e a mudança de foco de alguns tipos acabou alterando a coisa que mais gostava na Tititi original e que mais guardava na memória: o amor de Luti e Val.

 
Valquíria que era interpretada por Malu Mader e Luis Otávio que era interpretado por Cássio Gabus Mendes eram o casal sensação da história. Um romance proibido totalmente envolvente que chegou ao ponto de simular a cena final de Romeu e Julieta era uma das melhores recordações que tinha. Ainda lembro dos dois deitados na sala esperando o veneno fazer efeito com detalhes. Lembro também da cena final dos dois saindo de moto, enquanto deixam os pais discutindo no jardim. Era uma época com mais pureza. Sem querer ser saudosista, essa é a mudança que mais lamento na nova trama, mas, como já disse, tivemos Marcela e Edgar para entreter o público.

Além da mistura de tramas e mudança de tom, uma das coisas que mais chamou a atenção em Tititi foi a constante referência a novelas antigas. Tiveram cenas já antológicas como Jaqueline e Suzana cantando a música tema de Fera Radical, uma das novelas mais marcantes de Malu Mader. Como se não bastasse, Ari ainda entra e pergunta se aquilo é Faísca e Espoleta, a dupla caipira de A Favorita protagonizada por Cláudia Raia. Outro momento engraçado foi vestir Luis Gustavo, que já estava na trama em seu eterno Mário Fofoca, como Victor Valentim para acalmar a titia. Foram muitas as referências, brincadeiras e misturas.

E no último capítulo Fábio Assunção aparece como Fernando Flores, um ator que vai fazer o remake de Fera Radical e ser um possível pretendente de Suzana. Há tanta mistura só nesses minutinhos que fica engraçado destrinchar. Como já disse, Fera Radical foi protagonizada por Malu Mader. Sua personagem Cláudia era par romântico de José Mayer, que se chamava Fernando Flores. Fora isso, Fábio Assunção é um dos pares românticos mais famosos de Malu, já tendo trabalhado juntos várias vezes, sendo o mais marcante Ester e Inácio de Força de um desejo. A cena foi ótima, tomara que Fábio retorne logo as telas. Destaque ainda para aparição de Marília Pêra como a sua inesquecível personagem Rafaela de Brega e Chique. Foi ótimo vê-la citar o falecido marido Herbert, vivido pelo saudoso Raul Cortez, detalhe que Herbert no início da novela era Jorge Dória, mas ele finge a morte e faz uma cirurgia plástica. Bom, esse absurdo a gente deixa para outro texto.

Outro grande destaque dessa versão ficou por conta da computação gráfica. Se em 1986, a abertura da novela marcou por ser a primeira a utilizar esses recursos, nessa versão, toda a trama abusou de efeitos, principalmente de passagem. Era papel picotado, tesoura passando, ziper fechando, papel amassando. Cada detalhe dava um brilho diferente. Com todo esse visual inovador e tom mais jovial, a novela ganhou espaço também na internet com várias ações paralelas. Tinha blog, site, ações, twitter, um verdadeiro universo estabelecido no mundo real como apoio à trama. O cuidado era tanto que o site de Victor Valentim não tinha uma única foto do personagem, já que isso acabaria com o disfarce de Ariclenes.O rosto só apareceu quando, na novela, a imprensa desmascarou o farsante.

Mesmo não tendo acompanhado a novela inteira, acredito que o saldo da trama foi positivo, tanto que a Globo agora entrou na onda de Hollywood de desencavar clássicos antigos com nova versão. Primeiro anunciou um temeroso remake de Guerra dos Sexos, coisa que eu realmente odiaria. Guerra dos Sexos é minha segunda novela favorita de todos os tempos, mexer nela para mim é quase pecado. Como recompor aquele elenco? Aquele momento? Agora, que a idéia voltou a hibernar, com a declaração de que o tema é parecido com algo que eles vão colocar no ar em breve, surge a notícia de que Cambalacho será a próxima vítima. Os fãs da novela vão ter que esquecer um pouco e acompanhar a novela como algo novo, mais ou menos como foi Tititi. Que Tina Pepper nos ajude.


4 comentários:

Tudo Sobre Nós disse...

faltou citar a divina magda...meu bem meu mal

Amanda Aouad disse...

Sim, acabei não citando o fato da personagem de Vera Zimmermann ser a mesma divina Magna de Meu Bem, Meu Mal. Bem, lembrado.

2edoissao5 disse...

com fã de novelas e dessa em especial, gostei no inicio, mesmo com a adição da outra trama.
gostei da nova jaqueline, mais ativa.
mas não gostei do final, separar os casais da antiga trama não foi legal, é como mudar o final de …e o vento levou e deixar o reth e a scarlet juntos no final.

Daniel Pepe disse...

Gostei bastante dessa versão, mas também me decepcionei com alguns desfechos, principalmente Luti e Walquíria ficarem separados, assim como Marcela e Renato. Nesse último caso, achei que a relação dos dois, tal como o próprio Renato, amadureceu de forma que tudo conduzia para que tivessem ficado juntos.