quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Nova novela da Globo terá temática espírita

Já começam as primeiras divulgações da próxima novela das seis que irá substituir Cama de Gato. Escrita por Elizabeth Jhin, a mesma de Eterna Magia, a novela tem o nome provisório de "Além da Vida" e terá uma temática espírita. Para viver a mocinha da história, está sendo escalada a atriz Nathália Dill, ela será a ex-namorada de um rapaz recém-falecido que irá atormentar o pai, vivido por Humberto Martins, para que este não fique com seu antigo amor. Algo por aí, pelo que pude ler... Sabe-se ainda, que a autora e seus colaboradores estão lendo as obras de André Luiz para se inspirar na trama e que a colônia de Nosso Lar e o Umbral já estão sendo construídos.

Parece interessante, apesar das dificuldades que Jhin teve na escrita de Eterna Magia, tenho boas expectativas com essa novela. Ao contrário do que muitos dizem por aí, está será apenas a segunda novela espírita da Rede Globo. É bom não confundir Espiritismo, a doutrinha codificada por Allan Kardec com Espiritualismo, uma coisa quase inerente ao homem que existe desde que o mundo é mundo. Não que seja algo errado, importante, ou o que seja, é apenas para não incentivar a crendice. Não é porque se fala em reencarnação que é Espírita. A reencarnação é uma teoria que sempre existiu, foi negada pela reforma do Cristianismo no Concílio de Nicéia, mas diversos povos crêem nela, como a maioria das religiões Orientais. É também estudo da ciência, vários pesquisadores possuem teses e estudos que buscam comprovar sua veracidade. Então, Alma Gêmea, por exemplo, não é uma novela Espírita. Ela inclusive tem em sua trama várias coisas que vão de contra a doutrina, como o próprio conceito de alma gêmea ou a resolução de algumas tramas.

O Espiritismo é uma doutrina que foi codificada por Allan Kardec, codinome de Hippolyte Léon Denizard Rivail, após estudar os fenômenos das mesas girantes na França. Consultando diversos médiuns, ele foi fazendo perguntas aos espíritos e comparando as respostas, nasceu assim o Livro dos Espíritos, que junto a quatro outras obras formam a base da doutrina espírita. É bom dizer que o Espiritismo não tem em Allan Kardec seu mentor, mestre ou algo parecido, então, esse negócio de kardecista também não é visto com bons olhos. É uma doutrina cristã, o Cristo e seus ensinamentos são o guia de qualquer espírita.

A única novela espírita até hoje na Rede Globo foi A Viagem, escrita por Ivani Ribeiro, que era adeptada da doutrina. A novela, um remake de outra de mesmo nome exibida na Rede Tupi, teve a orientação de Chico Xavier e é inspirada no livro E a vida continua, obra de André Luiz, psicografada pelo médium. Mesmo com todos esses cuidados, houve coisas na trama de 1994 que não eram totalmente fiéis a doutrina, como o hospital espiritual que mais parecia uma colônia de férias ou a forma como Alexandre, o espírito obsessor incorporava. Ainda assim, foi uma excelente obra, com enorme sucesso, já reprisada duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo. Vamos ver o que Elizabeth Jhin nos reserva.

Imagem de Rodval Matias.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Túnel do Tempo: O sexo dos Anjos

Começam burburinhos na internet de que a novela O Sexo dos Anjos será a substituta de Alma Gêmea no Vale a Pena Ver de Novo. Como "gato escaldado tem medo de água fria" eu só acredito vendo. Mas, aproveito a oportunidade para lembrar essa novela que foi uma das mais marcantes em minha vida.

O Sexo dos Anjos foi uma novela de 1989. Estreou no dia 25 de setembro, terminando em 9 de março do ano seguinte. Das novelas de Ivani Ribeiro na Rede Globo foi a que teve menos Ibope e é a menos lembrada. Talvez por não ter nenhum grande nome no elenco. Digo grande, no sentido do primeiro time de atores, sempre elevados a protagonistas como uma Glória Pires, uma Christiane Torloni, Antonio Fagundes, etc.

A novela era protagonizada por Isabela Garcia e Felipe Camargo, provavelmente pelo sucesso da minissérie Anos Dourados, onde faziam o triangulo amoroso principal junto a Malu Mader. Um fato que comprova essa tese é que Malu e Taumaturgo Ferreira (outro personagem marcante da minissérie), estrelavam a novela Top Model, no horário das sete, na mesma época. A trama ainda tinha nomes como Bia Seidl (em seu melhor papel na Rede Globo), Mário Gomes, Marcos Frota, Sílvia Buarque e Heloísa Mafalda, em sua inesquecível Francisquinha.

A história era um remake, assim como a maioria das novelas de Ivani na Globo, de O Terceiro Pecado, novela da autora na TV Excelsior na década de 60. Nela, Isabela (Isabela Garcia), uma garota doce e delicada estava na hora de morrer e o anjo da morte (Bia Seidl), envia o seu emissário (Felipe Camargo) à terra para buscá-la. Acontece que o rapaz percebe que a moça é muito boa e "não merece morrer". Ele tenta, então, negociar com a morte para que ela seja poupada. Os dois fazem um acordo. Para comprovar a pureza e o mérito de não morrer, Isabela não pode cometer pecados. Se assim o fizer, no seu terceiro ato ela será levada.

Resumindo assim tudo parece meio surreal e esquisito. Mas, o texto de Ivani Ribeiro não deixava nada ficar aquém do envolvente e adorável. Claro que existem os clichês. O emissário vai à Terra se figindo de humano e passa a conviver com a garota, se apaixonando por ela. Aqui, vemos também outra marca da autora que sempre coloca seus pares românticos para brigarem antes de se apaixonarem. Isabela odiava Adriano, aos poucos seu espírito começa a se encontrar com ele em sonhos e depois ela percebe que o ama. Aliás, as cenas de sonhos são as mais lembradas pelos fãs da novela.

Não vou falar nem mostrar muito mais, porque se o milagre acontecer dela ser reprisada a partir de março, vai ser inédita para muita gente. Fico por aqui apenas vibrando e relembrando. Seria uma bela homenagem a uma grande escritora e, quem sabe, corrigiria um pecado do não sucesso na época.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Dalva e Herivelto - balanço final

Os cinco capítulos da minissérie de Maria Adelaide Amaral podem não ter sido primorosos, mas um dos produtos mais bem feitos dos útimos tempos. Melhor que Maysa, a minissérie abordou de forma concisa a briga pública dos dois artistas e resgatou a imagem de Dalva de Oliveira para gerações que nasceram após a sua morte. Eu mesma só conhecia Abajur Lilás e Bandeira Branca e me emocionei com passagens de sua vida.

Ao contrário do que li em algumas críticas, acho que Adriana Esteves defendeu muito bem o seu papel, a caracterização da cantora estava muito bem feita e, na maioria das vezes, a dublagem soava natural. Destaque para a apresentação de Bandeira Branca no Maracananzinho lotado. Já Fábio Assunção pode ter exagerado no tom do Herivelto. Não há como não odiar o personagem após tudo o que fez com Dalva, mas não há redenção do mesmo. Fica o gosto amargo.

O roteiro não é tão primoroso quanto pensei no primeiro capítulo. Na verdade, não há uma construção não-linear, apenas um paralelo entre início e fim. O recurso, ao contrário de ser inovador, acabou sendo caminho fácil, tornando por vezes, ilustrativo e repetitivo. Ainda assim, conseguiu contar bem a história. Foi muito interessante conhecer detalhes da disputa musical da época de Ouro do Rádio e a caracterização de época foi muito bem feita.

Foi, enfim, uma boa minissérie, confirmando que a Globo quer investir, cada vez mais, em produtos curtos. E a audiência ajudou a demonstrar que estão no caminho certo. A média foi de 29 pontos segundo o site NaTelinha. Gosto da ideia, prefiro assim do que aquelas minisséries longas de quase dois meses.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Viva Dalva e Herivelto


Tenho que pedir desculpas a quem ler o EntreBreaks, mas conforme já falei, ando meio descuidada do espaço por falta de opções na televisão que me animem. A partir de março de 2010, devo me dedicar mais ao blog, principalmente com as obras de Gilberto Braga, meu objeto de estudo no mestrado que irá se iniciar. De qualquer forma, sempre que surge algo interessante estou por aqui. Hoje falo da estreia da minissérie Dalva e Herivelto, de Maria Adelaide Amaral que segundo o site Plenário, foi "muito bem obrigado" em termos de audiência. Uma média de 28 pontos, o que é um bálsamo para a emissora que tem amargado baixas audiências em obras desse gênero. O horário pode ter facilitado, afinal, o pior das minisséries é ter que esperar toda a programação noturna para assistir.

A minissérie começou logo após a novela Viver a Vida e me surpreendeu pela linguagem ágil. Boa produção, já é esperado de uma obra da Rede Globo, assim como a caracterização da época. Fábio Assunção e Adriana Esteves estão muito bem nos papéis títulos, dando veracidade mesmo nas cenas de dublagem. Mas, a surpresa ficou pelo texto de Maria Adelaide Amaral. Com exceção de Queridos Amigos, suas minisséries sempre foram longas e arrastadas, quase uma micronovela. Cinco capítulos pincelados da vida do casal com uma linguagem não-linear não era realmente o que eu esperaria. Mas, gostei. Já deu para conhecer um pouco da trajetória sofrida de Dalva, do caráter de Herivelto, além de sentir o clima dos anos dourados do rádio.

O primeiro capítulo começou muito bem, com o suspense em torno de Dalva já idosa, de costas, ouvindo sua música em uma "vitrola", e logo em seguida a ligação e o desmaio. Os saltos aleatórios no tempo são interessantes e bastante funcionais. A estrela do samba-canção, com toda dor de cotovelo que lhe é peculiar merecia ter a sua história narrada, após o sucesso da minissérie Maysa. Agora é aguardar que os quatro capítulos restantes sejam tão bem feitos quanto o primeiro.