quinta-feira, 28 de maio de 2009

Túnel do Tempo - Hilda Furacão

hilda furacão ana paula arosioDia 27 de maio de 1998, estreou na Rede Globo a minissérie Hilda Furacão. Onze anos se passaram e parece que foi ontem que Ana Paula Arósio veio cedida pelo SBT, com quem ainda tinha contrato, para interpretar o mito mineiro. A minissérie escrita por Glória Perez e dirigida por Wolf Maia, é uma adaptação do livro homônimo de Roberto Drummond, que conta a história de uma moça da sociedade mineira que larga tudo para viver na zona boêmia, se tornando a maior prostituta de todos os tempos.

Durante o tempo em que viveu na zona boêmia, Hilda incomodou a cidade, não apenas por ser uma prostituta famosa, mas por se envolver em causas em favor do povo que ali vivia. Além disso, ela se apaixona pelo Frei Malthus, um homem considerado Santo que vai ao Maravilhoso Hotel (onde ela mora) para exorcizá-la e acaba se apaixonando. Tal qual o conto de fadas Cinderela, ela perde um sapato e ele encontra, guardando e sonhando com ela todas as noites.

Há lendas que contam que ela realmente existiu, outros afirmam que a personagem é uma reunião de várias mulheres que Drummond conheceu. O fato é que ele sempre alimentou a idéia de que a história seria real, mas acabou desmentindo-a pouco tempo depois da minissérie ir ao ar. Ao final do livro, o escritor coloca na boca de Hilda a seguinte frase: Diga que eu fui um primeiro de abril que você pregou em seus leitores.

O primeiro de abril, dia da mentira, é o dia em que ela se muda para a zona boêmia e cinco anos depois sai. Exatamente no dia 01 de abril de 1964, quando a ditadura militar está se implantando no país. A confusão gerada faz com que Hilda e Malthus não consigam se encontrar, como haviam combinado. Ele é preso como suspeito, ela vai para Argentina. No livro, os dois nunca mais se encontram. Na minissérie, Glória Perez fez uma cena de reencontro no meio da rua, em uma manifestação contra a ditadura. Pelo menos ali, eles tiveram um final feliz.

Além de Ana Paula Arósio e Rodrigo Santoro nos papéis principais, a minissérie contou com um elenco de peso. Entre eles, Paulo Autran, avesso a televisão, que deu vida ao Padre Nelson, professor de Malthus, que trava uma guerra contra Hilda para salvar seu pupilo. Foi a estreia também do galã Thiago Lacerda como Aramel, o belo. Um ano depois, ele e Ana Paula Arósio estrelavam a novela Terra Nostra.

frei malthus rodrigo santoroHilda Furacão é mais do que uma simples história de amor, e sim a representação de grandes dogmas e crenças da sociedade moderna. A minissérie se passa na década de 50, quando ainda não havia ocorrido a revolução sexual das décadas de 60 e 70. Porém, o mais importante para a análise da construção da história é a época em que ela é transmitida. O ano foi 1998. Vésperas da virada do século, onde as conquistas femininas já haviam ganhado peso e a maioria dos tabus sexuais haviam sido quebrados. O homem e a mulher estão buscando cada vez mais a satisfação sexual em detrimento de valores antigos como família, tradição, casamento. Porém, há coisas ainda sagradas, mesmo para as sociedades pós modernas. A Igreja Católica e o celibato do padre ainda estão entre os valores intocados da sociedade.

A minissérie foi um sucesso, mesmo concorrendo com a Copa do Mundo de Futebol de 1998, sendo sempre relembrada e hoje podendo ser conferida em DVD. Com uma edição horrível, é verdade, já que a Globo insiste em lançar DVDs de minisséries sem respeitar a divisão de capítulos, colocando tudo em um balaio como se fosse um filmão. Mas, ainda assim, dá para matar saudades dessa bela história.



terça-feira, 26 de maio de 2009

Choro de criança

Está cada vez mais em voga a crise do SBT, ou melhor de Sílvio Santos, com a justiça por causa de Maisinha. Crianças prodígios sempre tivemos, exploração infantil pela mídia já não é novidade, criancinha fofinha fazendo os outros rirem é normal. Mas o que tomou proporções gigantescas e foi parar na justiça foi o abuso do dono do SBT.

Maisa chora no SBT
Claro, os pais permitiram, interessados no grosso cachê que a garota ganha. Aqui no Nordeste ela está atualmente como garota propaganda de um supermercado e deve fazer várias outras propagandas por aí. E uma indenização vai bem no posto dos genitores. Por isso, não deixa de nos indignar a forma com a situação é conduzida. Isso me lembrou um caso que aconteceu comigo. Estava fazendo teste com crianças para um comercial e uma garotinha se irritou, não querendo fazer a cena. Tentei conversar com ela e ela disse: "Eu não gosto disso, eu tô perdendo escola, perdendo lição, minha mãe me traz pra cá..." Fiquei impressionada com a capacidade que pais têm de expor seus filhos por um trocado. No caso de Maisa isso é ainda pior, pois toda semana ela está lá, em rede nacional sendo ridicularizada. Até o CQC percebeu que a menina vinha sofrendo maus tratos só para Sílvio aparecer e protestou não a colocando no TOP Five da semana passada.

Brincadeiras a parte, fazer uma menina ser exposta dessa maneira, bater a cabeça e ainda sair do palco com a platéia gritando "medrosa" é alarmante. A justiça não deveria processar apenas Sílvio Santos, mas também os pais da menina que parecem não se importar em protegê-la dos tais danos morais. Se fosse minha filha, na primeira porrada ela já voltava para o Raul Gil que pelo menos a tratava com mais dignidade, isso se ela quisesse continuar aparecendo na televisão. Fica aqui o nosso protesto contra Sílvio Santos, os pais de Maisa, a platéia insensível e os telespectadores que ainda dão Ibope a isso.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Som & Fúria

Intrigante, diferente, curiosa, muitos podem ser os adjetivos para a chamada na novela minissérie da Rede Globo. Som&Fúria, com previsão de estreia para julho de 2009, conta a história de duas companhias de teatro e as chamadas são narradas pelo duo gaúcho Tangos e Tragédias. Vejam, a chamada, antes de mais nada.


Com grande elenco (quando falo grande não é apenas eufemismo propagandístico, confira a lista abaixo), a grande novidade é Fernando Meirelles assinando a direção da obra televisiva. Após o sucesso de Cidade de Deus, o diretor galgou vôos mais altos e dirigiu filmes pelo mundo, tornando-se uma referência. Espera-se então, que possa criar um plus no formato, que terá doze capítulos.

Daniel Oliveira e Andrea BeltraoA minissérie é, na verdade, uma adaptação da série canadense Slings and Arrows, que retrata os bastidores de uma companhia de teatro que interpreta obras de Shakespeare. Som & Fúria tem como história a trajetória de duas companhias de teatro: A bem sucedida de Pedro Paulo Rangel (Oliveira) e a mal sucedida de de Felipe Camargo (Dante). Os dois, junto com Andréa Beltrão (Elen), eram amigos e participavam de uma mesma companhia no passado, mas Dante tem uma crise e foge, mudando a vida dos três. A minissérie irá narrar a história a partir do reencontro, já com as duas companhias. E assim, mostrará trechos das peças Hamlet, Romeu e Julieta, Sonho de uma Noite de Verão e Macbeth, obras famosas do dramaturgo inglês, de uma forma bem humorada. Rodrigo Santoro, também está de volta a televisão brasileira, com uma participação na minissérie, seu personagem será um publicitário que tentará se dar bem prometendo promover a companhia de teatro.


Felipe Camargo e Andrea Beltrao
O elenco conta ainda com grandes nomes como:Dan Stulbach, Daniel Oliveira, Regina Casé, Genro Camilo, Maria Flor, Chris Couto, Débora Falabella e Paulo Betti. Tem tudo para ser uma grande atração, só nos resta aguardar.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Telenovelas em foco

Vira e Mexe temos discussões sobre a telenovela e seu futuro. Alguns afirmam que o gênero está esgotado e que vai acabar, outros acreditam que não. O fato é que não se fazem mais novelas como antigamente. Estamos em um panorama nunca visto antes, onde diversas mídias competem entre si e com a inclusão da TV Digital isso só tende a piorar. Não é a toa que a Rede Globo lutou tanto contra esta tecnologia.


Quanto surgiu, na década de 50, a televisão era a novidade. Poucos canais, pouca experiência e muitas experimentações. Disseram alguns que o cinema ia acabar por causa dela, mas até hoje a sétima arte continua aí, firme e forte. No Brasil, o meio que mais sofreu com a televisão foi o rádio, de onde saiu a base da construção da programação televisiva brasileira. As rádio-novelas migraram para tela, assim como muitos programas de auditório. A Rede Tupi começou sua história na teledramaturgia com o Grande Teatro Tupi, onde peças eram encenadas para televisão. Depois começaram as telenovelas com cenários e histórias exibidas ao vivo. Sua Vida me Pertence foi a primeira delas.

Os anos passaram, a telenovela gerou ídolos e autores consagrados e criou um padrão próprio, mostrando o cotidiano brasileiro. As novelas viraram produto de exportação e na década de 80, a Rede Globo atingiu seu auge, criando o padrão Globo de Qualidade e monopolizando o mercado. O Ibope de suas novelas era inatingível e virou referência de sucesso. Porém, na década de 90 começaram as concorrências, a classe A e B migrou para tvs por assinatura e a cabo, depois para internet. O Ibope nunca mais foi o mesmo e as novelas começaram a ser colocadas em xeque.

Passou-se a ter uma encruzilhada na cabeça dos autores. É preciso inovar e mudar o ritmo das tramas, a audiência não aguenta mais ver mais do mesmo. Mas, ao mesmo tempo, inovar demais faz o público rejeitar, por não reconhecer o gênero... Então, não é possível arriscar muito, há muito dinheiro em jogo e a ditadura do Ibope que faz imprensa e empresa cobrarem.

O fato é ninguém quer mais ficar parado na frente da tela assistindo novelas e mais novelas, sem interagir, sem novidades, sem emoções fortes a cada dia. A Rede Record vem investindo pesado na concorrência e abriu boa parte de seus capítulos no site Youtube, assim, o público pode assistir, gostar e procurar ver a novela da Rede. A Globo faz isso em seu próprio canal, a diferença é que é apenas para assinantes.

As séries americanas, também, cada vez mais acessíveis ao público brasileiro (DVD, tv por assinatura e internet) passaram a ser grandes concorrentes e meio de comparação com o produto nacional. Afinal, quem assiste Lost ou Heroes dá risada de Os Mutantes. Quem gosta de CSI ou Dexter acha Força Tarefa e A Lei e O Crime fracas.

Estranhamente, quem continua com Ibope em alta são os sitcoms brasileiros. A Grande Família chega aos nove anos ainda com fôlego. E Toma Lá Dá Cá, apesar das críticas de Miguel Falabela ao telespectador brasileiro, continua bem na audiência e comentários nas ruas.

De qualquer maneira, as telenovelas continuam aí, dez estão no ar atualmente (contando com reprises) e o público continua assistindo, comentando e esperando que suas histórias melhorem e os surpreendam. Não vai acabar, não assim impune, afinal, fazem parte do cotidiano e imaginário brasileiro.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

Força Tarefa - Review

Eu bati, agora assopro. Após cinco episódios tenho que dizer que o seriado da Globo melhorou bastante. Os roteiros estão mais consistentes, a história flui melhor. Teve até blog alerdeando que o episódio Tolerância Zero, da quinta-feira passada exibiu o primeiro beijo gay.

Quanto a essa afirmação em questão, digo que o blog está um pouco equivocado, apesar de gostar muito dele. Primeiro porque não chegou a ser um beijo gay, a sargento Selma deu um pitoquinho rápido em Jaqueline, namorada do tenente Wilson, apenas para provar que ela não tem um caso com este, já que é gay. Segundo porque selinho por selinho, Manoel Carlos e Aguinaldo Silva já tinham exibido com seus casais lésbicos em Mulheres Apaixonadas e Senhora do Destino, respectivamente. Beijo gay, demorado, romântico como o gravado para a novela América e cortado no último segundo pela direção, acho que vai demorar na televisão brasileira. Enquanto isso, os norte-americanos e ingleses, que já pularam esta fase, se preocupam com tramas mais densas.

Voltando a Força Tarefa, o episódio Horário de Visita, exibido ontem trouxe o drama de uma mulher que descobre que seu marido policial está baleado em um hospital, mas que levou o tiro quando estava com outra em um motel e não em serviço. A trama esquenta quando o tenente Wilson percebe que a vida do policial ainda corre perigo e começa a investigar uma trama que vai se esclarecendo quando recebe o CD do Rudinei com os dizeres: “Caso me aconteça alguma coisa, entregar este envelope para a Corregedoria da polícia”. Tudo se fecha, quando o tenente soluciona o caso, impedindo o policial de ser morto e revelando a trama dos carros com perda total que levavam multas por outros.

Boa trama, cenas rápidas, suspense bem dosado, ação. Ainda assim longe de um CSI da vida. Falta à Força Tarefa um plus, algo extra e instigante que só ele tenha. O esquema de episódios que se fecham é bom, pois não cria a obrigação de acompanhar todos para ver o próximo. Mas, não há no seriado algo que chame a atenção e nos faça esperar a próxima semana. É aquela atração do tanto faz, se não tiver fazendo nada e ligo e assisto. Mesmo assim, a melhora no roteiro já é bom passo. Resta esperar os outros.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Túnel do Tempo - Força de um Desejo

Ontem a novela Força de um Desejo completou dez anos de estreia. A trama de Gilberto Braga conta a história da família Sobral, fazendeiros de café do século XIX, tendo como foco principal o romance entre Inácio Sobral e Ester Delamare, uma cortesã que se apaixona perdidamente pelo rapaz. Uma intriga promovida pela avó de Inácio, Idalina, acaba afastando o casal e Ester casa-se com o Barão Sobral, pai de seu amado.



O melodrama clássico está presente na trama, mas o texto inteligente do Giba conseguiu fazer a novela fluir como mel aos meus olhos. A novela me conquistou de imediato. Comprei um vídeo cassete só para acompanhá-la, já que passava as 18hs, horário em que estava no estágio. De 10 de maio de 1999 a 29 de janeiro de 2000, me dividi em fitas e mais fitas VHS para acompanhar a trajetória de amor e ódio dos personagens. E valeu a pena, está na minha lista de melhores novelas de todos os tempos.

Curiosamente, o Ibope foi desastroso. Talvez, o tema escravidão e café já estivesse saturado. Ou o nome assustasse os mais modernos, cansados de melodrama clássico. Para Gilberto Braga era também quase um rebaixamento. Após, passar para o horário nobre e ter tramas como Vale Tudo no imaginário popular, voltar ao horário das 18hs era triste. Principalmente, porque deveu-se ao fracasso da novela Pátria Minha. Mas, Força de Um Desejo não deve nada a nenhuma novela de grande porte.

A produção era impecável, o elenco de estrelas e a trama bem amarrada e bem construída. A morte do Barão Sobral foi o melhor suspense já criado na teledramaturgia brasileira. Não era apenas mais um "quem matou". Ao estilo de Agatha Cristie, Giba surpreendeu a todos com a revelação de que era na verdade um serial killer e que tudo, não apenas fazia todo o sentido, como já tinha indícios desde o início.

Normalmente, o "quem matou" em novelas é algum nome sem sentido, apenas para que a audiência e imprensa não descubra antes. Foi assim com Odete Roitman, outro suspense do autor. Afinal, revelar que Leila matou Odete achando que estava matando Maria de Fátima foi frustrante e ninguém jamais descobriria. Agora descobrir que Bárbara Higino matou Henrique Sobral, como eliminação de mais uma testemunha do seu crime original: matar a baronesa Helena Sobral por ciúmes do marido, foi perfeito. Ninguém esperava, mas fazia todo o sentido.



O casal Fábio Assunção e Malu Mader também já provou ter uma bela química, em minisséries, filmes e, principalmente, nessa novela, onde o amor dos dois contagiava o mais cético. São inúmeras as cenas emocionantes entre os dois. E o final não poderia ser outro, senão o feliz, após tanto sofrimento.



Surpreendentemente, Força voltou no Vale a Pena Ver de Novo, de 26/09/2005 a 10/02/2006. Mas, nem assim, a audiência fez jus ao seu valor. Resta aos fãs homenageá-la, sempre. Como a grande obra que é.

Plus: em minha andanças pela internet, já conversei com Gilberto Braga que, sempre muito simpático e generoso, me mandou os roteiros dos doze primeiros capítulos e a sinopse original da novela. Ele permitiu que eu divulgasse, segue o link para quem se interessar.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Saudades do Vídeo Show

Ando saudosista, com medo de parecer velha, mas vendo o Vídeo Show Novo (agora ao vivo) me dá uma saudades de quando ele era semanal, apresentado por Falabella. As matérias eram mais consistentes, havia uma aura interessante, pesquisa sobre novelas, não apenas propaganda rápida ou recortes de outras mídias.



Essa semana vi um quadro do Falha Nossa só com reprises, aquela cena do Zé Wilker na praia com a onda levando as comidas é ótima, mas já vi umas duzentas vezes. No último mês acho que reprisaram umas quatro vezes. Mesmo que quisessem fazer um túnel do tempo do quadro, fossem procurar mais cenas. São 26 anos de programa no ar, não é possível que não exista outras coisas a serem relembradas.

Além disso, André Marques foi um ótimo substituto do "Floquinho", inteligente, carismático, o público se acostumou com ele. Agora acrescentam Luigi Baricelli, totalmente sem graça e Fiorella Mattheis que como apresentadora é uma ótima modelo. Ser ao vivo também acabou sendo ruim para o programa, perdeu em dinamismo, ficou aquele negócio de mostrar que é ao vivo, comentando as matérias e fazendo conexões com o Projac. E o conteúdo ficou de lado.

A melhor coisa nesse novo formato foi o Vídeo Game, acho que a Globo poderia dar um voto de confiança a Angélica e ampliar esse quadro. Com os participantes sendo agora telespectadores, ficou mais dinâmico, com provas instigantes e a vontade de participar é grande. Vi ontem uma garota cometendo falhas imperdoáveis como responder que Senhora do Destino foi a novela de Gilberto Braga que teve participação da cantora Ana Carolina. Poxa, a novela está sendo reprisada, não dava para ela perceber que o autor é Aguinaldo Silva? Antes que alguém pergunte a novela do Giba foi Celebridade.



Espero que, quando passar a novidade do Ao Vivo, o programa comece a melhorar e ter matérias mais interessantes.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Túnel do Tempo: Kubanacan

Amanhã fazem cinco anos da estréia de Kubanacan, a novela de Carlos Lombardi conhecida como a mais louca de todos os tempos. Muita gente comentava que perder dois minutos da novela era se perder por completo na trama, afinal tudo mudava. Exageros à parte, realmente Lombardi soltou a mão nesse texto, colocou de lado todas as regras de uma novela e inovou por completo. Eu adorei, muita gente odiou.

A novela contava a história do desmemoriado Esteban que caiu do céu em uma pequena vila chamada Santiago e partiu para capital La Bendita na tentativa de descobrir seu passado. Ainda na ilha ele se envolve com Marisol, fazendo com que seu noivo Enrico vá para capital envergonhado. Após ser atacado por um grupo estranho, Esteban vai para capital também e ao chegar na cidade, acaba se apaixonando pela atual esposa de Enrico, Lola, gerando novamente o triângulo amoroso vencido pelo homem sem memória. Em paralelo a isso, existe a trama do General Camacho, amante da primeira-dama Mercedes que dá um golpe, se tornando presidente e passa a comandar Kubanacan com mãos de ferro. Com o tempo, o relacionamento dos dois vai se desgastando.

Mas, a trama se resume mesmo na história de Esteban e sua busca por informações do passado. Na metade da novela, praticamente todas as tramas paralelas são esquecidas e ficamos apenas com esse personagem e suas aventuras. Por isso, cada capítulo era uma coisa. Esteban era um agente secreto, filho de Alejandro Rivera, um homem maquiavélico que estava construíndo uma poderosa bomba, a Fênix. Por sua profissão, Esteban usava muitos disfarces, por isso, ao buscar seu passado, ele descobriu várias versões de si mesmo. Isso abria brecha para que Lombardi brincasse bastante, inventando diversas situações inusitadas, com várias participações especiais. Kubanacan acabou tendo mais participações do que elenco fixo. A de maior destaque foi Regina Duarte como a mãe traficante de Esteban.

A novela também fazia uma grande sátira política em relação aos governos dos países de terceiro mundo. Bem ao estilo de Que Rei Sou Eu?. O general Carmacho era o típico militar corrupto, com várias amantes, sem escrúpulos. Primeiro vilão lombardiano de Humberto Martins (que já tinha vivido o Cigano Iago em Explode Coração). Marcos Pasquim viveu o grande galã Esteban e se firmou como símbolo sexual, passando 90% da novela sem camisa e com um shortinho branco.

Porém, a grande virada que enlouqueceu muito noveleiro foi a revelação final. Aqui faço uma pausa. Eu gostei, realmente gostei muito da solução, porém, acho que se Lombardi tivesse tido essa idéia no início e não nas duas últimas semanas, a novela teria sido um marco muito maior. Explico. Esteban chega a ilha de Santiago caindo do céu. A explicação inicial seria: ele caiu do avião jogado por seu pai, quando tentava impedi-lo de explodir a Fênix. Lombardi disse em uma entrevista que estava achando essa explicação muito simples, então resolveu mudar. Faltando duas semanas para o final da novela, ele resolveu criar a trama de que Esteban realmente tinha caído do tal avião, mas o personagem que acompanhávamos a novela inteira não era ele, e sim, seu filho que veio do futuro para provar a inocência do pai na explosão da bomba.

Muito bom. Uma novela tão louca merecia uma reviravolta ainda mais louca. Viagem no tempo nunca havia sido explorada em novelas. O problema é que, ao decidir isso faltando duas semanas, Lombardi criou furos na trama que teve que ir justificando com desculpas meio esfarrapadas. A principal delas era fazer com que Leon não fosse filho dele mesmo. Teve que criar falas soltas com Lola dizendo que Rubi e Esteban não conseguiam chegar a uma conclusão de em que data Leon teria sido concebido. E mesmo assim, houve incesto, o que horrorizou muita gente. Talvez, decidindo no início Lombardi pudesse amarrar melhor a história. De qualquer forma, Kubanacan foi ousada, marcou sua história e gera discussões fervorosas até hoje.

Exibida de 5 de maio de 2003 a 24 de janeiro de 2004. Com 227 capítulos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Tieta do Agreste

Aproveitando a deixa do Master Class, vamos relembrar um pouco da novela Tieta, com Bety Faria no papel título. A novela foi exibida no horário das 20hs de 14 de agosto de 1989 a 31 de março de 1990, em 196 capítulos. Escrita por Aguinaldo Silva e dirigida por Paulo Ubiratan, a novela marcou época com seu jeito brejeiro e situações engraçadas.

Resumo da novela:


Baseada no livro homônimo de Jorge Amado, a novela trouxe um clima mais ameno para história da mulher que é expulsa de sua cidade natal embaixo de cajadadas e volta vinte anos depois para se vingar. Tieta, no entanto, acaba se envolvendo com a cidade, trazendo melhorias para mesma, desistindo da vingança e criando situações hilárias. No livro, Jorge Amado utiliza da mesma idéia da música de Geni de Chico Buarque, ou seja, não importa o que você faça para ajudar os outros, eles vão te julgar ao ver seus erros. Sendo assim, Tieta acaba expulsa novamente quando descobrem que em vez de viúva de milionário, ela é dona de bordel em São Paulo. Aguinaldo Silva mudou isso, não fazendo com que a cidade entendesse, mas que nunca soubesse da verdade.

Tieta foi expulsa pelo pai:


A outra grande diferença do livro, é que na novela o romance de Ricardo e Tieta ganha um ar mais romântico e menos sexual que tem no livro. Ricardo, interpretado muito bem por Cássio Gabus Mendes, é mais puro, ingênuo e apaixonado pela tia. Nunca chega a traí-la. A situação que serviu de desafio para o Master Class acaba fazendo o personagem se afastar e voltar meses depois totalmente mudado. Só aí, ele se envolve com Imaculada. No livro, Tieta flagra sobrinho e Imaculada na cama.

Tem também todos os outros núcleos, situações e personagens para dar conta de quase 200 capítulos. As participações especiais também foram bastante marcantes, como Jorge Dória como o pastor Hilário, ou Rogéria como Ninete. Destaque também para Lídia Brondi, que largou as novelas dois anos depois e fazia Leonora, a "enteada" de Tieta que se apaixona por Ascânio, vivido por Reginaldo Faria.

Participação de Jorge Dória:


Tudo isso, fez de Tieta uma das grandes novelas do horário nobre, com grandes índices do Ibope, e que deixou saudades. Foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo de 19 de setembro de 1994 e 7 de abril de 1995, às 14h20, em 145 capítulos.