quarta-feira, 20 de maio de 2009

Telenovelas em foco

Vira e Mexe temos discussões sobre a telenovela e seu futuro. Alguns afirmam que o gênero está esgotado e que vai acabar, outros acreditam que não. O fato é que não se fazem mais novelas como antigamente. Estamos em um panorama nunca visto antes, onde diversas mídias competem entre si e com a inclusão da TV Digital isso só tende a piorar. Não é a toa que a Rede Globo lutou tanto contra esta tecnologia.


Quanto surgiu, na década de 50, a televisão era a novidade. Poucos canais, pouca experiência e muitas experimentações. Disseram alguns que o cinema ia acabar por causa dela, mas até hoje a sétima arte continua aí, firme e forte. No Brasil, o meio que mais sofreu com a televisão foi o rádio, de onde saiu a base da construção da programação televisiva brasileira. As rádio-novelas migraram para tela, assim como muitos programas de auditório. A Rede Tupi começou sua história na teledramaturgia com o Grande Teatro Tupi, onde peças eram encenadas para televisão. Depois começaram as telenovelas com cenários e histórias exibidas ao vivo. Sua Vida me Pertence foi a primeira delas.

Os anos passaram, a telenovela gerou ídolos e autores consagrados e criou um padrão próprio, mostrando o cotidiano brasileiro. As novelas viraram produto de exportação e na década de 80, a Rede Globo atingiu seu auge, criando o padrão Globo de Qualidade e monopolizando o mercado. O Ibope de suas novelas era inatingível e virou referência de sucesso. Porém, na década de 90 começaram as concorrências, a classe A e B migrou para tvs por assinatura e a cabo, depois para internet. O Ibope nunca mais foi o mesmo e as novelas começaram a ser colocadas em xeque.

Passou-se a ter uma encruzilhada na cabeça dos autores. É preciso inovar e mudar o ritmo das tramas, a audiência não aguenta mais ver mais do mesmo. Mas, ao mesmo tempo, inovar demais faz o público rejeitar, por não reconhecer o gênero... Então, não é possível arriscar muito, há muito dinheiro em jogo e a ditadura do Ibope que faz imprensa e empresa cobrarem.

O fato é ninguém quer mais ficar parado na frente da tela assistindo novelas e mais novelas, sem interagir, sem novidades, sem emoções fortes a cada dia. A Rede Record vem investindo pesado na concorrência e abriu boa parte de seus capítulos no site Youtube, assim, o público pode assistir, gostar e procurar ver a novela da Rede. A Globo faz isso em seu próprio canal, a diferença é que é apenas para assinantes.

As séries americanas, também, cada vez mais acessíveis ao público brasileiro (DVD, tv por assinatura e internet) passaram a ser grandes concorrentes e meio de comparação com o produto nacional. Afinal, quem assiste Lost ou Heroes dá risada de Os Mutantes. Quem gosta de CSI ou Dexter acha Força Tarefa e A Lei e O Crime fracas.

Estranhamente, quem continua com Ibope em alta são os sitcoms brasileiros. A Grande Família chega aos nove anos ainda com fôlego. E Toma Lá Dá Cá, apesar das críticas de Miguel Falabela ao telespectador brasileiro, continua bem na audiência e comentários nas ruas.

De qualquer maneira, as telenovelas continuam aí, dez estão no ar atualmente (contando com reprises) e o público continua assistindo, comentando e esperando que suas histórias melhorem e os surpreendam. Não vai acabar, não assim impune, afinal, fazem parte do cotidiano e imaginário brasileiro.


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