Amora Mautner e a equipe de direção, captaneados pelo diretor de núcleo Ricardo Waddington também merecem todos os elogios. Cordel Encantado não foi cuidadosa apenas no início, final e cenas importantes. Cada cena, cada capítulo tinha um cuidado especial na direção e fotografia que ajudavam a criar o clima da história e nos envolver a cada dia. Isso sem falar do trabalho da equipe de arte com tantas roupas, assessórios e cenários misturando época, serão nordestino e reinos distantes. Um cuidado especial em cada detalhe.
A última semana teve vários momentos grandiosos e o mais interessante foi ver o fechamento do ciclo com o sonho de Miguelzinho e do Rei Augusto no primeiro capítulo se concretizar no penúltimo com Timóteo colocando fogo em tudo e Jesuino chegando para salvar a flor Açucena. Um ciclo que se fecha e confirma que as autoras já sabiam onde queriam chegar desde o princípio.
Após a resolução de boa parte das tramas no penúltimo capítulo, ficava a pergunta do que seria do derradeiro epsódio daquela saga sertaneja. Vimos com emoção, a morte de Timóteo queimado, enquanto todos esperavam Açucena acordar novamente de seu sono profundo. Assim, como acompanhamos o sacrifício de Úrsula, provando no final que realmente havia se apaixonado pelo capitão Herculano a ponto de encontrar sua redenção morrendo nos braços do amado. Com quase todos felizes ou encaminhados, o capítulo de quinta-feira acabou com a coroação de Jesuíno em Seráfia. Faltava pouca coisa realmente.
Talvez aí tenha sido o único pecado de Thelma Guedes, Duca Rachid e Thereza Falcão. Ao último capítulo restou apenas uma espécie de epílogo da história. Claro que vimos finalmente o casamento de Jesuíno e Açucena, em uma cena divertida e emocionante da confirmação do amor de princesa e cangaceiro anunciados desde a abertura da novela. Vimos também os clássicos nascimentos de bebês e reunião de casais. Mas, o capítulo acabou ficando arrastado, faltando maiores emoções, o que acabou criando uma nova peripércia final: a candidatura de prefeitos a Brogodó. A candidatura e todo o desenrolar da trama de Zóio Furado, foram o ponto negativo da trama, assim como a volta de Ternurinha para os braços de Patácio.
E quando tudo parecia um verdadeiro conto de fadas, Thelma Guedes, Duca Rachid e Thereza Falcão lembraram ao seu público que se tratava mesmo de uma literatura de cordel. Vimos então, irritados, o retorno do coronel, encarnado na figura de Caco Ciocler, tendo novamente Zóio Furado como seu braço direito. Todo o discurso de Jesúino sobre a eterna luta do bem contra o mau, é real, mas não deixa de ser frustrante para aqueles que queriam ver um "e foram felizes para sempre". Interessante foi a conclusão em um forró qualquer onde o cordel foi recitado para um público "real", inclusive as três escritoras. Terminando com os atores Bianca Bin e Cauã Reymond interpretando uma espécie de novos Açucena e Jesuíno da vida "real", reconstruíndo a fantasia da história.
Entre altos e baixos, Cordel Encantado vai entrar para história da teledramaturgia brasileira. Por sua qualidade técnica, por seu elenco afinado, por sua história criativa e encantadora como poucas atualmente. E claro, como consequência de tudo isso, por sua enorme audiência, sempre batendo recordes do horário. Vai deixar saudades. E como dizia um programa infantil que adorava ao final de cada história: "Entrou por uma porta, saiu pela outra, e quem quiser que conte outra".
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