segunda-feira, 20 de junho de 2011

Aberturas literais de novelas

Uma espécie de moda invadiu o youtube. Pegar aberturas de novela e recriar suas letras de forma literal, como se fosse uma audiodescrição. Tudo fica bem engraçado e criativo.

A abertura de Vale Tudo foi a que ficou melhor. A música de Cazuza e o ritmo clipado das imagens ajuda na composição, basta ir falando as imagens que aparecem na tela. Não há uma ação a ser descrita.


A abertura de Rainha da Sucata é interessante também, mas é mais difícil descrever a ação, até porque tudo gira em torno da dança. Acabam apelando para insinuações sexuais que não estão exatamente na tela. Ainda assim, tem pontos engraçados.


A abertura de Vamp é ainda mais complicada. Afinal, aqui tem uma história acontecendo. Colocar a descrição no ritmo da música é difícil, fora que a presença de Cláudia Ohana acaba sendo privilegiada na letra. Mas, destaque para a brincadeira final de "cães não viram vampiros, erraram a história".


Por fim, a abertura de Brega & Chique. Aqui o humor chega mais próximo da abertura de Vale Tudo. As modelos na tela tem as ações descritas de uma forma divertida e rápida. Detalhe que eles chamam a atenção para a presença de Doris Giesse, e passam batido por Ísis de Oliveira. 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A volta dos Anos Rebeldes

Amor e Revolução ainda tenta conquistar seus fãs, enquanto isso, o canal Viva reprisa desde o dia 30 de maio a minissérie Anos Rebeldes. Como é bom ver de novo Maria Lúcia, João Alfredo, Edgar e, principalmente, Heloísa preenchendo as nossas telas de televisão. É, sem dúvidas, minha minissérie preferida. Basta ler o post que fiz em 2009 sobre a obra. Hoje, queria levantar uma nova questão. Na época, a minissérie Anos Rebeldes foi associada ao movimento caras pintadas que lutou pelo impeachment do então presidente Collor de Mello. Será que hoje, ela funcionaria para pensar um pouco mais sobre o país?

Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito de forma direta, após vinte anos de regime militar, vencendo o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno em novembro de 1989. Seus lemas em campanha eram a “caça aos marajás”, combate à corrupção e progresso do país, representado por sua imagem jovem. Em maio de 1992, Pedro Collor de Mello, irmão do então presidente da república, entregou à Revista Veja provas de corrupção dentro do Governo, relacionadas ao tesoureiro Paulo César Farias, homem de total confiança do presidente. O caso foi investigado e, a cada nova denúncia, outros envolvidos foram aparecendo até atingir o próprio presidente. Collor resistiu até o dia 29 de dezembro de 1992 quando renunciou ao cargo. Ainda assim, foi julgado pelo Senado e condenado, perdendo seus direitos políticos por oito anos.

O povo só se envolveu diretamente no caso em 14 de agosto de 1992 quando uma enorme passeata de estudantes cobriu as ruas do Rio de Janeiro pedindo o afastamento do presidente Fernando Collor de Mello. Com criatividade, os jovens pintaram suas caras com tinta, nas cores da bandeira do Brasil, daí o apelido de “Caras Pintadas”, além de faixas e cartazes diversos. Entre os cartazes, um chama a atenção para o tema: “Anos Rebeldes, próximo capítulo: Fora Collor, impeachment já”, em referência à minissérie da Rede Globo que terminava naquele dia. O presidente foi, então, à televisão pedir que a população saísse no domingo seguinte com as cores da bandeira em sinal de apoio ao governo. Em todo o país, as pessoas responderam saindo às ruas de preto, instalando de vez a manifestação popular a favor do impeachment, que foi visto como um dos principais motivos para o processo ter ido até o fim, principalmente pela aproximação das eleições para prefeito.

A minissérie Anos Rebeldes foi ao ar de 14 de julho a 14 de agosto de 1992, com vinte capítulos, retratando o período da ditadura militar que aconteceu no país sob a óptica de um grupo de jovens divididos entre idealistas e individualistas. Era a primeira obra de ficção na televisão a retratar o período e serviu como um resgate histórico para a população que antes vivia sob censura. A disputa simbólica de ideais pode ser resumida nos personagens João Alfredo e Heloísa, dois idealistas extremistas que se envolvem na luta armada e tentam derrubar o regime. E nos personagens Maria Lúcia e Edgar, dois individualistas, mas não de má índole, que preferem não se envolver e continuar suas vidas, independente da situação.

Em 1992, parecia mesmo que os jovens buscavam essa identificação, por isso, o movimento caras pintadas usava símbolos da minissérie como a música Alegria Alegria de Caetano Veloso, tema de abertura da minissérie, em suas caminhadas. Hoje, após quase vinte anos, a corrupção no país continua, vide o recente caso Palocci, mas parece que nos acostumamos a ela. Será que a reprise de Anos Rebeldes tem alguma chance de acordar novamente a juventudade brasileira em manifestações democráticas? Se ajudar a, pelo menos, pensar melhor na hora de votar, já vai ser um grande feito, pena que não temos eleições no país este ano.

domingo, 5 de junho de 2011

Cordel Encantado e a força do coronel

A novela Cordel Encantado melhora a cada dia. Uma verdadeira fábula que mistura vários ícones e lendas de nossa cultura ocidental, possui uma narrativa gostosa de acompanhar. Os diálogos são muito bem feitos, o figurino bem cuidado, a direção caprichosa e o elenco afinado. Um sucesso como não se via há muito na televisão brasileira. É interessante perceber as referências diversas aos contos de fadas em uma mistura de Cinderela e Bela Adormecia, a literatura de cordel com cangaceiro, herói nordestino e sagas diversas. Temos ainda referências ao homem da máscara de ferro que também se tornou uma espécie de Fantasma da Ópera dentro do cinema local. Uma espécie de Robin Hood no justiceiro de Jejuíno e Antonio Conselheiro na figura de Miguelzinho. Agora, uma coisa me incomoda na trama, a figura do Coronel.

O coronelismo dominou o nordeste que ainda hoje vive as consequências desse tipo de política. Ele era aquele rico fazendeiro, explorador do trabalho semi-escravo, mas que apesar de tudo possuía uma figura imponente, que através de um certo carisma enganava o povo que acabava admirando sua figura e sua política de pão e circo. O Coronel Januário Cabral, interpretado por Reginaldo Faria, era o típico Coronel nordestino, tanto que tinha até mesmo um acerto com o cangaceiro Herculano que o respeitava. Mas, com sua morte, um vazio ficou nessa história e seu filho Timóteo assumiu o seu posto sem convencer. Não falo isso pela interpretação de Bruno Galiasso, mas pela fraca construção do personagem.


Timóteo é o típico garoto mimado, sem regras nem limites que sempre viveu de pequenos golpes e nunca se conformou em perder alguma coisa que queria. Seu objeto de desejo: Açucena. Como ela sempre gostou de Jesuíno, este se tornou o arqui-inimigo do coronelzinho. Com a morte do pai, Timóteo se tornou o vilão maniqueísta clássico, sem nem um ponto positivo. Nada parece ficar a sua frente. Mas como ele consegue? Com meia dúzia de capangas domina prefeito, delegado, empregados e família? Até a família real de Seráfila sucumbe diante de seu "poder"? Um moleque sem o menor carisma, sem o menor sentido, ser levado a sério como um coronel? Tudo soa muito falso.

Para piorar temos agora sua junção ao atrapalhado delegado Batoré. Sua obsessão por Antônio já perdeu a graça e começa a partir para o lado do absurdo. Se o sequestro já ultrapassou limites, que podemos dizer da cena do capítulo de sábado quando ele invade a fazenda dizendo que roubaram Antônia dele e que ele a quer de volta? Apesar da sempre excelente atuação de Osmar Prado está difícil suportar as cenas de seu personagem. E pior ainda acompanhar a naturalidade com que sua irmã Neusa vê suas ações. Complicando ainda mais como todo bom melodrama, a pobre da Antônia não consegue casar com seu príncipe que agora só pensa na pobreza do povo do sertão? Será ele o rei esperado por Milguezinho?

Cordel, mesmo tendo que prolongar a narrativa por mais dois meses devido a boa audiência, continua encantando, mas essa pequena parte da trama incomoda. A mim, diria até que irrita. O que nos consola é poder acompanhar a cada vez mais emocionante trajetória de Jesuíno, Açucena, Felipe e Doralice. Ver a luta do capitão Herculano, a dor de Petrus e sua emocionante cena de retirada da máscara, o amor do Reio Augusto com Maria Cesária e as engraçadas observações da rainha Efigênia. Timóteo pode querer tentar ser dono de Brogodó, mas não vai conseguir estragar uma história tão bem arquitetada e executada. Já entrou para história.