Dia 27 de maio de 1998, estreou na Rede Globo a minissérie Hilda Furacão. Onze anos se passaram e parece que foi ontem que Ana Paula Arósio veio cedida pelo SBT, com quem ainda tinha contrato, para interpretar o mito mineiro. A minissérie escrita por Glória Perez e dirigida por Wolf Maia, é uma adaptação do livro homônimo de Roberto Drummond, que conta a história de uma moça da sociedade mineira que larga tudo para viver na zona boêmia, se tornando a maior prostituta de todos os tempos.
Durante o tempo em que viveu na zona boêmia, Hilda incomodou a cidade, não apenas por ser uma prostituta famosa, mas por se envolver em causas em favor do povo que ali vivia. Além disso, ela se apaixona pelo Frei Malthus, um homem considerado Santo que vai ao Maravilhoso Hotel (onde ela mora) para exorcizá-la e acaba se apaixonando. Tal qual o conto de fadas Cinderela, ela perde um sapato e ele encontra, guardando e sonhando com ela todas as noites.
Há lendas que contam que ela realmente existiu, outros afirmam que a personagem é uma reunião de várias mulheres que Drummond conheceu. O fato é que ele sempre alimentou a idéia de que a história seria real, mas acabou desmentindo-a pouco tempo depois da minissérie ir ao ar. Ao final do livro, o escritor coloca na boca de Hilda a seguinte frase: Diga que eu fui um primeiro de abril que você pregou em seus leitores.
O primeiro de abril, dia da mentira, é o dia em que ela se muda para a zona boêmia e cinco anos depois sai. Exatamente no dia 01 de abril de 1964, quando a ditadura militar está se implantando no país. A confusão gerada faz com que Hilda e Malthus não consigam se encontrar, como haviam combinado. Ele é preso como suspeito, ela vai para Argentina. No livro, os dois nunca mais se encontram. Na minissérie, Glória Perez fez uma cena de reencontro no meio da rua, em uma manifestação contra a ditadura. Pelo menos ali, eles tiveram um final feliz.
Além de Ana Paula Arósio e Rodrigo Santoro nos papéis principais, a minissérie contou com um elenco de peso. Entre eles, Paulo Autran, avesso a televisão, que deu vida ao Padre Nelson, professor de Malthus, que trava uma guerra contra Hilda para salvar seu pupilo. Foi a estreia também do galã Thiago Lacerda como Aramel, o belo. Um ano depois, ele e Ana Paula Arósio estrelavam a novela Terra Nostra.
Hilda Furacão é mais do que uma simples história de amor, e sim a representação de grandes dogmas e crenças da sociedade moderna. A minissérie se passa na década de 50, quando ainda não havia ocorrido a revolução sexual das décadas de 60 e 70. Porém, o mais importante para a análise da construção da história é a época em que ela é transmitida. O ano foi 1998. Vésperas da virada do século, onde as conquistas femininas já haviam ganhado peso e a maioria dos tabus sexuais haviam sido quebrados. O homem e a mulher estão buscando cada vez mais a satisfação sexual em detrimento de valores antigos como família, tradição, casamento. Porém, há coisas ainda sagradas, mesmo para as sociedades pós modernas. A Igreja Católica e o celibato do padre ainda estão entre os valores intocados da sociedade.
A minissérie foi um sucesso, mesmo concorrendo com a Copa do Mundo de Futebol de 1998, sendo sempre relembrada e hoje podendo ser conferida em DVD. Com uma edição horrível, é verdade, já que a Globo insiste em lançar DVDs de minisséries sem respeitar a divisão de capítulos, colocando tudo em um balaio como se fosse um filmão. Mas, ainda assim, dá para matar saudades dessa bela história.
6 comentários:
Hilda Furacão é uma grande minissérie só perde para Anos Rebeldes e O Tempo e o Vento, entre minhas favoritas.
Essa semana eu reassisti a todos os episodios da série e não consegui entender o seguinte: por quê a Hilda escolheu o dia 1 de abril de 1964 para largar a vida de prostituta no Maravilhoso Hotel? Por quê nesse ano? Você poderia me tirar essa duvida?
obrigada!
Oi, Ana Carolina, na verdade a ida e saída de Hilda do Maravilhoso hotel é um grande mistério. Quanto ao ano, ela tinha decidido que iria passar cinco anos na zona boêmia, então, 1964 fazia cinco anos. Eu interpreto esses cinco anos como uma espécie de purgatório que ela se condenou para ter direito à felicidade. No livro ela diz que é porque ela foi um grande primeiro de abril (dia da mentira) que Roberto Drummond (o autor) pregou nos leitores (já que ela não existiu de verdade). As expeculações são muitas, inclusive pode-se interpretar uma crítica à ditadura militar, enfim, faça a sua expeculação.
eu
ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
é 100000000000000000000000000000000000000
Na minissérie é colocado no dia 1 de abril, mas no livro é 30 de março (Ela foi embora no dia do aniversário dela, e que tbm foi o dia que seria o casamento, e quando ela chegou lá).
Na minissérie é colocado no dia 1 de abril, mas no livro é 30 de março (Ela foi embora no dia do aniversário dela, e que tbm foi o dia que seria o casamento, e quando ela chegou lá).
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