Amanhã fazem cinco anos da estréia de Kubanacan, a novela de Carlos Lombardi conhecida como a mais louca de todos os tempos. Muita gente comentava que perder dois minutos da novela era se perder por completo na trama, afinal tudo mudava. Exageros à parte, realmente Lombardi soltou a mão nesse texto, colocou de lado todas as regras de uma novela e inovou por completo. Eu adorei, muita gente odiou.
A novela contava a história do desmemoriado Esteban que caiu do céu em uma pequena vila chamada Santiago e partiu para capital La Bendita na tentativa de descobrir seu passado. Ainda na ilha ele se envolve com Marisol, fazendo com que seu noivo Enrico vá para capital envergonhado. Após ser atacado por um grupo estranho, Esteban vai para capital também e ao chegar na cidade, acaba se apaixonando pela atual esposa de Enrico, Lola, gerando novamente o triângulo amoroso vencido pelo homem sem memória. Em paralelo a isso, existe a trama do General Camacho, amante da primeira-dama Mercedes que dá um golpe, se tornando presidente e passa a comandar Kubanacan com mãos de ferro. Com o tempo, o relacionamento dos dois vai se desgastando.
Mas, a trama se resume mesmo na história de Esteban e sua busca por informações do passado. Na metade da novela, praticamente todas as tramas paralelas são esquecidas e ficamos apenas com esse personagem e suas aventuras. Por isso, cada capítulo era uma coisa. Esteban era um agente secreto, filho de Alejandro Rivera, um homem maquiavélico que estava construíndo uma poderosa bomba, a Fênix. Por sua profissão, Esteban usava muitos disfarces, por isso, ao buscar seu passado, ele descobriu várias versões de si mesmo. Isso abria brecha para que Lombardi brincasse bastante, inventando diversas situações inusitadas, com várias participações especiais. Kubanacan acabou tendo mais participações do que elenco fixo. A de maior destaque foi Regina Duarte como a mãe traficante de Esteban.
A novela também fazia uma grande sátira política em relação aos governos dos países de terceiro mundo. Bem ao estilo de Que Rei Sou Eu?. O general Carmacho era o típico militar corrupto, com várias amantes, sem escrúpulos. Primeiro vilão lombardiano de Humberto Martins (que já tinha vivido o Cigano Iago em Explode Coração). Marcos Pasquim viveu o grande galã Esteban e se firmou como símbolo sexual, passando 90% da novela sem camisa e com um shortinho branco.
Porém, a grande virada que enlouqueceu muito noveleiro foi a revelação final. Aqui faço uma pausa. Eu gostei, realmente gostei muito da solução, porém, acho que se Lombardi tivesse tido essa idéia no início e não nas duas últimas semanas, a novela teria sido um marco muito maior. Explico. Esteban chega a ilha de Santiago caindo do céu. A explicação inicial seria: ele caiu do avião jogado por seu pai, quando tentava impedi-lo de explodir a Fênix. Lombardi disse em uma entrevista que estava achando essa explicação muito simples, então resolveu mudar. Faltando duas semanas para o final da novela, ele resolveu criar a trama de que Esteban realmente tinha caído do tal avião, mas o personagem que acompanhávamos a novela inteira não era ele, e sim, seu filho que veio do futuro para provar a inocência do pai na explosão da bomba.
Muito bom. Uma novela tão louca merecia uma reviravolta ainda mais louca. Viagem no tempo nunca havia sido explorada em novelas. O problema é que, ao decidir isso faltando duas semanas, Lombardi criou furos na trama que teve que ir justificando com desculpas meio esfarrapadas. A principal delas era fazer com que Leon não fosse filho dele mesmo. Teve que criar falas soltas com Lola dizendo que Rubi e Esteban não conseguiam chegar a uma conclusão de em que data Leon teria sido concebido. E mesmo assim, houve incesto, o que horrorizou muita gente. Talvez, decidindo no início Lombardi pudesse amarrar melhor a história. De qualquer forma, Kubanacan foi ousada, marcou sua história e gera discussões fervorosas até hoje.
Exibida de 5 de maio de 2003 a 24 de janeiro de 2004. Com 227 capítulos.
2 comentários:
Essa novela foi ótima mesmo, apesar do que vc disse vários furos e tiveram mesmo, desde o início Carlos Lombardi que é um dos maiores autores que temos se perdeu bastante na história, o final foi bem ruim, apesar desses atropelos a novela foi muito boa porém melhor que a novela eram os personagens mas pergunto eu a vc, se Kubanacan foi um marco pq depois dessa novela o Carlos Lombardi não escreveu mais nenhuma outra? Ficou a impressão pra mim de que ele se queimou com essa novela, estranhamente pq apesar dos vacilos dessa história o Lombardi tinha potencial para mais, se puder me responder, forte abraço e muito sucesso no Blog!!!
Ele foi chamado para mudar os rumos da novela Bang Bang de Mário Prata e virou autor principal. Na Globo, ele apresentou sinopse para a emissora como "João ao Cubo". A trama falaria de viagem no tempo. Ele foi demitido da Globo e contratado pela a Record onde escreveu Pecado Mortal. Continua na Record, omde deve escrever mais novelas lá
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