Em plena forma, assim chega aos 80 anos a atriz Fernanda Montenegro, grande dama do teatro, televisão e cinema nacional. De um tempo para cá, Fernanda tornou-se uma espécie de marca de sucesso, talismã do cinema após sua indicação ao Oscar de melhor atriz em 1999. Como ela mesma definiu: "O que estou fazendo no meio dessas loiras todas?"
Fernanda Montenegro, na verdade Arlete da Silva, iniciou sua carreira em 1950 no teatro, mas logo começou a fazer televisão em paralelo, na antiga TV Tupi, sendo a primeira atriz contratada pela emissora. Lá participou do antigo Teatro Tupi e diversos programas teledramaturgicos, fazendo novelas pela primeira vez na TV Rio em 1963, e no ano seguinte, estreou no cinema em um filme de Nelson Rodrigues. Ainda em 1952 ganhou o prêmio revelação pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais.
Descrever todos os papéis e trabalhos dessa atriz daria milhares de posts. Tentarei destacar alguns mais importantes na televisão, objeto principal desse blog. Não posso deixar de falar do marco teledramaturgico Guerra dos Sexos, onde ao lado de Paulo Autran protagonizou cenas hilárias, inteligentes e repleta de referências teatrais e cinematográficas, como a cena de A Dama das Camélias, quando Charlô fica doente, ou na festa a fantasia na mansão em que diversos personagens do cinema são homenageados. Três anos depois, outra grande novela de Sílvio de Abreu, Cambalacho, onde fazia um dupla de trambiqueiros com Gianfrancesco Guarnieri, protagonizando cenas inesquecíveis.
Fernanda Montenegro é igual a vinho, melhora a cada ano e é um das poucas atrizes que com sua idade consegue manter respeito, a ponto de continuar protagonizando telenovelas, espaço dedicado, cada vez mais, a novas atrizes. Assim, foram feitas novelas sob medida para ela como Zazá ou As Filhas da Mãe, onde Sílvio de Abreu brincou com sua indicação ao Oscar fazendo uma personagem que tinha ganho 8 oscars como diretora de arte. Veio ainda a vilã Bia Falcão, grande destaque da novela Belíssima, que teve um final feliz polêmico em Paris com Cauã Reymond. Agora a atriz já está escalada para "Passione", título provisório da próxima novela de Sílvio de Abreu.
No cinema, além de Central do Brasil, seu grande destaque foi Eles não usam black-tie, também com Gianfrancesco. Além de A hora da estrela (do livro de Clarice Lispector) e O Auto da Compadecida, onde fazia a própria Nossa Senhora.
Recentemente ficou viúva do ator Fernando Torres, com quem teve dois filhos. A também atriz Fernanda Torres e o diretor Cláudio Torres, sócio da conspiração filmes que já a dirigiu em Redentor. Em homenagem ao seu aniversário será lançado ainda esse mês o livro Fernanda Montenegro – A Defesa do Mistério pela jornalista e crítica de cinema Neusa Barbosa. Vida longa a essa grande dama.
Para finalizar, duas ótimas cenas de Guerra dos Sexos, para ver que a novela não é apenas a antológica cena da torta na cara.
Uma dramática:
E uma cômica:
Um comentário:
Dona Charlô, nossa Prima Dona...
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