Ando meio afastada do Entrebreaks, mas vou tentar escrever pelo menos dois posts por semana, como antes. Hoje escrevo especialmente com uma sensação triste e alegre ao mesmo tempo. A minissérie Som&Furia acabou, mas nessas três semanas pude assistir a um texto inteligente, com ótimas interpretações e uma direção bem feita.Ver Shakespeare na televisão também é muito bom, afinal são textos eternos, belos e profundos. Falar de teatro, então, é melhor ainda. Essa tal de pós-modernidade acabou por nos fazer esquecer dessa arte milenar que por muitos é vista como chata. Nesse ponto, tanto as questões levantadas pela vilã vivida por Regina Case, quanto a campanha que o personagem de Rodrigo Santoro fez na minissérie é bem propícia para discussão. Afinal, qual é o público dos teatros? É uma arte antiga, no sentido de ultrapassada? Creio que não.
Voltando à minissérie, ela foi dividida em duas etapas: a montagem de Hamlet e a montagem de Macbeth (tendo Romeu e Julieta como brinde). Na primeira fase, tivemos Maria Flor e Daniel Oliveira muito bem. Ele, inclusive, teve ótima atuação como o atorzinho de novela que não sabe fazer teatro, mas acaba surpreendendo no final. O capítulo da apresentação de Hamlet foi um dos mais belos da minissérie. Regina Casé também estava ótima como a secretária de cultura inescrupulosa, fazendo uma boa dobradinha com Dam Sturbath.Na segunda fase, entraram Rodrigo Santoro, Débora Falabela e Leonardo Miggiorin, que não deixaram o nível de interpretação cair. Os personagens fixos também tem seu valor como a produtora vivida por Cris Couto ou a hilária secretária de Cecília Homem de Mello.
Os personagens principais são um caso a parte. Felipe Camargo volta à televisão como se nunca tivesse saído dela, tirando a loucura, o Dante me lembra muito o Adriano de O Sexo dos Anjos, com o humor sarcástico e o bom coração. O personagem é tão fascinante que o telespectador se envolve com o todo. já Andréa Beltrão sempre foi uma excelente atriz estereotipada pela comédia rasa, desde Zelda Scott até Marilda de A Grande Família. Mas, seus trabalhos dramáticos sempre fora muito expressivos. Como não lembrar da Úrsula de Pedra Sobre Pedra? Ou da Tônia de Mulheres de Areia? No cinema, sua última personagem Verônica também impressiona. Pedro Paulo Rangel está muito bem como o fantasma camarada, com ótimas tiradas.A direção é um caso a parte que nos mostra definitivamente que a televisão não é o reduto do diretor. Coordenada por Fernando Meirelles, que já demonstrou no cinema sua capacidade criativa e inventiva, a direção é quase neutra, com uma linguagem simples, e alguns poucos momentos sublimes. Mas, a qualidade maior está no ritmo e construção da edição que nos envolve.
Mal acabou e já estou com saudades, agora é torcer para que a segunda temporada vingue apesar da baixa audiência. Até porque o final foi tão assim, como posso dizer, sem fim. Foi quase um até breve, daqui a pouco estamos aqui novamente tocando "os sonetos de Shakespeare".











