terça-feira, 14 de julho de 2009

Túnel do Tempo: Anos Rebeldes

Anos RebeldesHá exatos 17 anos estreava na Rede Globo uma das melhores minisséries de todos os tempos. Anos Rebeldes, escrita por Gilberto Braga e dirigida por Dennis Carvalho encantou o Brasil, contando o período da ditadura militar no país.

Com vinte capítulos contou a história de Maria Lucia, João e Edgar. Um triângulo amoroso que se formou na época em que o Brasil vivia o seu pior momento político: A ditadura Militar. Dividindo as personagens entre individualista e idealistas, Gilberto Braga narrou uma época com riqueza de detalhes, incluindo a minissérie no hall dos maiores sucessos da emissora.

João ama Maria Lucia e é correspondido, mas o amor deles é algo que se mostra durante todos os vinte capítulos impossível. João é o exemplo do pai de Maria Lúcia, um homem idealista, que tem a pretensão de mudar o mundo. Totalmente inconstante, não mede esforços por sua luta. Maria Lúcia viveu isso com o pai, não quer mais, mesmo concordando com a maioria das questões humanitárias. Ela precisa de segurança, de futuro, coisa que Edgar, um jovem comum que só quer se formar e se dar bem na vida pode oferecer. Ele também se apaixonou por Maria Lúcia e passa todo o tempo tentando conquistá-la.

Maria Lúcia tem consciência de que não ama Edgar, mas todas as vezes que mais uma tentativa com João é frustrada, ele está ali para ampará-la. Os dois acabam se casando, mas não ficam juntos. Após anos, Edgar percebe que não pode amar por dois. Ele precisa ser amado. A essa altura a ditadura está acabando e João está voltando. Maria Lúcia pensa que agora eles podem tentar mais uma vez. Porém, não era a ditadura, era o idealismo excessivo de João que os separava. Ao perceber que ele vai em busca de outras lutas, Maria Lúcia percebe que tem que virar aquela página.
A minissérie acaba contrariando o melodrama, onde há sempre um final feliz. Este é um final melancólico, onde nenhum dos três se realiza amorosamente. Mas, é um final coerente, satisfatório. Realmente, esta foi uma história de amor impossível e não tinha como haver uma solução mágica para os dois.

A Ditadura Militar se instalou no Brasil em 01 de abril de 1964, depondo o presidente João Goulart e só acabou vinte anos depois com a eleição indireta do presidente Tancredo Neves em 1984. A minissérie cobre quase todo esse período mostrando a trajetória de um grupo de personagens que passa pelas diversas situações possíveis. Alguns favoráveis, como Fábio e Waldir, são beneficiados, ganham dinheiro. Outros como os professores de esquerda são cassados, procurados, exilados. Há ainda, os jovens revolucionários como João, Heloísa (Cláudia Abreu), Marcelo (Rubens Caribe), que são presos, torturados, perseguidos, seqüestram embaixador e acabam exilados ou mortos.

Um conceito que está muito presente na boca da personagem João é Alienação. Ele pergunta a Maria Lúcia se ela é alienada, chama a música Sábia de alienada, briga com o pai dizendo que não quer ser alienado. É um conceito da época, dos estudantes que estavam na luta que buscavam taxar os demais como covardes, egoístas, não antenados com o que estava acontecendo no mundo. Há uma dubiedade nesse comportamento que acaba mostrando uma certa alienação dos reacionários. João só vê a ditadura, só pensa nisso, não vive de outra forma, sacrifica sua vida pessoal, seu amor, seus estudos em nome desse ideal. Segundo o dicionário alienação é perturbação mental, permanente ou passageiro, na qual se registra uma anulação da personalidade individual. Por esse conceito, quem seria alienada? João Alfredo ou Maria Lúcia?

Uma personagem que roubou a cena na minissérie foi Heloísa, vivida por Cláudia Abreu. A princípio uma burguesa fútil que só queria deixar de ser virgem, Heloísa se revelou uma revolucionária e foi protagonista das melhores cenas da minissérie, incluindo a inesquecível cena de sua morte, baleada por um soldado.



De brinde, segue o roteiro dos vinte capítulos da minissérie, cedido generosamente por Gilberto Braga.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sou completamente apaixonado por essa obra prima do Giba. Muito bom o texto, vou indicar na comunidade do orkut.

Carlos Dimitris disse...

otima matera... essa serie é tudo de bom. he he he