Após uma semana é possível ter uma idéia melhor do que Glória Perez nos traz em sua quinta novela no horário nobre. É um folhetim, como nos velhos tempos, sem muitas ousadias nem intenção de quebrar regras. Pode-se dizer até que seja mais do mesmo e tenha referências a outras novelas da autora. Mas, qual novela não tem? Mesmo em A Favorita, tão falada como uma quebra de padrões, podemos encontrar sinais de comparação com Da Cor do Pecado e Cobras&Lagartos, duas outras novelas de João Emanuel Carneiro. Recentemente, Manoel Carlos confessou que faz a mesma novela sempre, com outra roupagem. Esta é a fórmula das novelas, variação do mesmo tema, sem sair do tom. Então, não é pecado que Glória Perez mais uma vez nos venha falar de um amor impossível em um país distante, cheio de danças e trapalhadas. Nem que tenha um bairro popular onde o bar mais conhecido venda pastéis famosos. E muito menos que um merchandising social invada nossa tela com campanhas imensas. O problema é como contar esta história novamente. E se a gente para um pouco em frente a televisão, percebe que ela nos chama a ficar grudados com a trama.
O primeiro capítulo foi longo e teve um excesso de informações didáticas, mas durante a semana isso foi sendo diluído e tornando a narrativa mais leve e gostosa de ser acompanhada. Chamo a atenção para a estratégia de apresentação do casal principal. Glória, normalmente apresentava ambos em separado e o encontro era o gancho final do capítulo. Foi assim em O Clone, América e Explode Coração. Desta vez, Maya e Bahuan se encontraram várias vezes no primeiro capítulo, sempre de forma "mágica" já que, em uma cidade tão grande, os dois estarem andando nas ruas e se esbarrarem não é algo comum. E acredito que essa seja uma tentativa de fazer o casal ser acolhido pelo público, único ponto que achei forçado. A escolha dos atores não ajudou. Márcio Garcia é ótimo apresentador, mas como ator está enferrujado. Após a boa atuação como o michê de Celebridade, demonstrou uma interpretação pequena com ares canastrões. Já Juliana Paes sofre com a publicidade em cima de sua imagem. Uma atriz tão explorada como símbolo sexual fica falso no papel de mocinha indefesa.
Mas a novela, ao contrário do que parece, não se sustenta no casal principal. As duas famílias indianas: a de Tony Ramos e a de Osmar Prado, estão muito bem representadas e possuem momentos muito engraçados. A única coisa over é as inúmeras danças no meio da sala, isso pode ser considerada uma referência aos famosos filmes indianos (Bollywood), onde tudo é motivo pra dança, às vezes até sem motivo. Porém, como O Clone também tinha muita dança no meio da sala e América tinha aquelas danças countrys no meio da cidade, fica a perseguição contra a autora.
A trama que mais me chama a atenção e estou ansiosa pelo desenvolvimento é a da esquizofrenia. O núcleo da clínica psiquiátrica tem aparecido pouco, mas já demonstra grande potencial. Stênio Garcia está ótimo como o médico com TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), tendo Eva Todor como sua fiel escudeira. A trama promete ficar ainda melhor quando cruzar com a da família de Bruno Gagliasso.
No geral, Caminho das Índias agradou. Não se pode chamar ainda de uma excelente novela, nem acredito que vá superar O Clone mesmo entre os fãs da autora. Mesmo assim, tem tudo para conquistar o público e subir no Ibope. Resta aguardar.
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