quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Vinte anos depois

Em 1990, a Rede Manchete revolucionou a teledramaturgia brasileira ao colocar no ar a novela Pantanal. Benedito Ruy Barbosa e Jayme Monjardim criaram uma linguagem diferente, com cenas contemplativas, um ritmo mais lento e uma história sobre a saga de uma família: os Leôncio, encabeçada por José Leôncio interpretado pelo iniciante Paulo Gorgulho e o veterano Cláudio Marzo em suas duas fases. Cansados das tramas essencialmente urbanas da Rede Globo, a novela agradou em cheio e a audiência foi recorde. Tanto que dois anos depois, Benedito Ruy Barbosa estreava Renascer no horário nobre da Vênus Platinada.





Quase vinte anos depois, Sílvio Santos compra as fitas da massa falida da Manchete, coloca no ar a novela e Pantanal volta a ser sucesso. O SBT consegue novamente a vice-liderança que havia sido perdida para a boa estratégia e o núcleo teledramaturgico da Rede Record, inúmeras comunidades são criadas no orkut para comentar a trama e muitos atores que estavam esquecidos voltam a dar entrevistas e participar de programas como Luciene Adami, a Guta da novela.

A novela impressiona por ter uma trama tão simples, que conta o dia a dia de uma família, sem grandes viradas mirabolantes e vilões macabros. Tenório, o vilão da novela, não chega a ser um psicopata, é um homem ganancioso e sem escrúpulos que arma pequenos golpes. Sua maior maldade é com o peão Alcides, que havia roubado sua esposa e sua atitude parecida com de muitos homens ignorantes. Ou seja, tudo é muito parecido com a vida real. A fantasia fica por conta de lendas como velho do rio que vira sucuri, mulher que vira onça ou homem com pacto com o diabo. Além de causos e cantos sertanejos nas tradicionais rodas de viola na fazenda.

A reprise de Pantanal acabou em uma terça-feira 13, incomum para qualquer canal, e deixou saudades. Com este clima, a novela se tornou um marco e sua reprise vitoriosa só aumenta o coro dos noveleiros de plantão de que: não se fazem mais novelas como antigamente.



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