segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Manoel Carlos e o retrato do cotidiano

Viver a vida Quando uma novela de Manoel Carlos entra no ar, o público já sabe o que esperar. O próprio autor admitiu que se repete e que conta a mesma história há anos. Temos sempre uma Helena, que é forte, batalhadora, justa e está a procura de um amor. Ela tem um ex-amor que está rondando e um novo amor, que surge como uma luva, respeitando sua liberdade e capacidade de brilhar. A história está sempre nas intermediações do Leblon, tem sempre um merchandising social forte e um ritmo lento, o dia a dia na tela.

Acontece, que mesmo tendo tudo isso, Viver a Vida parece trazer algo mais. Há aqui, uma tentativa de inovação, cenas de tiro, mundo da moda, uma edição mais rápida. Talvez vocês possam enumerar alguns exemplos anteriores onde isso acontece, mas é uma sensação, há algo diferente no ar. Tomara que minha sensação esteja certa, afinal ninguém aguenta ver a mesma coisa sempre. viver a vida

A ousadia do autor chegou a um ponto no gancho de sábado que me surpreendeu. Primeiro, é preciso explicar outra coisa. As novelas de Manoel Carlos são as que mais tem spoilers na mídia. Meses antes da estreia ele já está dando entrevistas contando detalhes das tramas. Foi assim, que em Páginas da Vida esperamos por toda a novela para assistir o embate entre Helena e Olívia pela guarda da pequena Clarinha. A situação só se desenrolou nas últimas semanas, mas foi anunciada muito antes do início da trama. Assim, 99% da população já sabe que a personagem de Aline Moraes vai sofrer um acidente e ficar paraplégica. O que não se sabe é quando isso ocorrerá. A surpresa foi, então, o capítulo de sábado terminar com o tal acidente. Já? Pensei. Mas, ainda vem aniversário por aí, algo não está se encaixando.

viver a vidaO capítulo de segunda-feira acabou com o suspense. Era apenas um falso gancho. Um sonho, ou melhor pesadelo, da personagem. Manoel Carlos enganou o telespectador para que ele voltasse e conferisse no dia seguinte... Um avanço para ele que sempre foi politicamente correto. Ele não é o primeiro e com certeza não será o último. Glória Perez conta que uma vez em Carmem (novela da Manchete) ela não sabia como terminar um capítulo e fez um personagem disparar os seis tiros de um revolver em outro, a menos de um metro de distância. No capítulo seguinte, o personagem tinha errado os seis tiros. Absurdo, ela mesma admite, mas foi como pode resolver o gancho. Aguinaldo Silva também declarou que em um capítulo de Tieta ele se precipitou e fez o capítulo de sábado terminar com Perpétua flagrando Cardo na cama de Tieta. Pensou o fim de semana inteiro e continuou o capítulo seguinte com a personagem fingindo que ficou cega para não assumir que viu o flagra. Ou seja, na guerra pela audiência, vale tudo.

Um comentário:

Daniel Pepe disse...

Esse gancho do acidente tb me surpreendeu e eu pensei exatamente a mesma coisa: "Já?" rs
Mas não gostei muito de ser enganado nesse caso hehe
Estava brincando com algumas pessoas apostando quando acontecerá o tal acidente.