quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As melhores minisséries de todos os tempos (?)

Após a lista das melhores novelas, resolvi fazer a das melhores minisséries. Após o advento do DVD, ficou mais fácil resgatar antigas pérolas da Rede Globo, o que facilita uma lista mais homogênea, mas dificulta a escolha devido ao número de opções. Por isso, em vez de 10, coloquei 12 na minha lista. Interessante observar que, tirando a extinta Rede Manchete, nenhuma outra emissora aderiu ao formato, além da Vênus Platinada.

As minisséries começaram na Globo em 1982, com Lampião e Maria Bonita, segundo Daniel Filho em seu livro O Circo Eletrônico era uma tentativa de fazer algo mais enxuto e com isso, caprichar na produção. Talvez por isso, as minisséries tenham esse ar de melhores que as novelas, apesar de não terem o mesmo impacto na cultura contemporânea.

12 - Filhos do Sol
Pouco lembram dessa minissérie da Rede Manchete, pelo menos entre meus conhecidos, mas eu simplesmente adorava a história que se passava na mítica Macchu Picchu, cidade que ainda irei conhecer. Airton, vivido por Raul Gazola, vai para a cidade na tentativa de confirmar a existência de extraterrestres no local. E se depara com Hiran, Cassiano Ricardo, que pode matar quem ele toca. Dentre outras coisas, Airton se apaixona pela personagem da Cristina Mullins, sem saber que ela é uma extraterrestre também.

11 - Grande Serão Veredas
Baseado no romance de Guimarães Rosa, conta a história de jacunços no interior do país. A trama principal é centrada na relação de Riobaldo e Diadorim, o primeiro não sabe que o segundo é, na verdade, Deodorina, só descobrindo a verdade quando esta está morta e eles não podem mais consumar o amor platônico. A minissérie marcou pela surpreendente interpretação de Bruna Lombardi como Diadorim.

10 - Rabo de Saia
A história de Seu Quequê caixeiro viajante interpretado por Ney Latorraca, que tem uma mulher em cada cidade que passa. Eleuzina, vivida por Dina Sfat, Santinha por Lucinha Lins e Nicinha por Tássia Camargo. A minissérie tinha um tom divertido, sendo uma comédia de costumes muito bem realizada.

9 - As noivas de Copacabana
Escrita por Dias Gomes, thriller em que Miguel Falabela vivia um serial killer com uma característica bastante peculiar, suas vítimas sempre estavam vestidas de noiva. A minissérie foi um sucesso pelo formato inusitado, contando com a participação de grandes atrizes nos papéis das vítimas: Christiane Torloni, Tássia Camargo, Ana Beatiz Nogueira, Zezé Polessa, sem contar com Patrícia Pilar como a noiva do maníaco.

8 - Anos Dourados
Essa minissérie de Gilberto Braga marcou uma época por ser o símbolo do romantismo dos anos 50. O amor de Lurdinha (Malu Mader) e Marcos (Felipe Camargo) conquistou a todos que sonhavam com as cenas de romance. Grande participações como Iara Amaral ou Zé Wilker enriqueceram a trama.

7 - Riacho Doce
Minissérie de Aguinaldo Silva, trazia como trama principal o amor de uma mulher por um pescador local que tinha o corpo fechado pela avó. Nenhuma mulher podia se aproximar do neto, sem acabar de forma trágica. Toda a beleza de Vera Fisher acaba amolescendo o coração de Ricccelli que enfrenta o seu destino. Destaque para Fernando Montenegro como a vó Manuela.

6 - A, E, I, O, Urca
Mais uma vez Riccelli, só que agora com Débora Bloch. A minissérie conta a história do principal cassino do Rio, na época em que Dutra proíbe as casas no país. Escrita por Doc Comparatto e Antonio Calmon, a minissérie tinha diversos números musicais, como Carmem Miranda voltando ao Brasil.

5 - Floradas na Serra
Quatro moças vivem em um internato de recuperação de tuberculosos em Campos de Jordão, suas tramas se dividem entre a vontade de amar e viver, e o medo da doença fatal. Foi uma adaptação de Geraldo Vietri para uma trama que ele tinha escrito para TV Cultura com Bete Mendes e Amaury Alvarez. Baseado no romance de Dinah Silveira de Queiroz e que já havia rendido uma versão cinematográfica, no filme de Luciano Salce de 1954, com Cacilda Becker e Jardel Filho nos papéis principais. Nessa minissérie, Tarsício Filho foi reconhecido como um bom ator, se libertando dos pais.

4 - O Pagador de Promessas
Após a peça de Dias Gomes e o filme de Anselmo Duarte que ganhou Palma de Ouro em Cannes foi a vez do próprio Dias Gomes levar a história para televisão. Com José Mayer no papel do Zé do Burro, a minissérie foi um grande sucesso, tendo uma produção primorosa para época.

3 - O Tempo e O Vento
Doc Comparato adaptou essa obra-prima de Érico Veríssimo, sendo o primeiro grande épico das minisséries globais. Destaque para Glória Pires como Ana Terra, Louise Cardoso como Bibiana e Tarcísio Meira como Capitão Rodrigo. A música de Tom Jobim dava um toque especial a abertura.

2 - Hilda Furacão
Glória Perez conseguiu traduzir a obra de Roberto Drummond de uma maneira bastante romântica e fez de Hilda Furacão uma das minisséries mais inesquecíveis de todos os tempos. O romance entre a prostituta e o padre, vividos por Ana Paula Arósio e Rodrigo Santoro conquistou o país. Destaque para Paulo Autran como o padre Nelson, em seu papel mais consistente na televisão.

1 - Anos Rebeldes
Sou suspeita, pois tenho verdadeira paixão por essa obra de Gilberto Braga. A minissérie conta a história de um grupo de amigos que vive no período da ditadura militar. Divididos entre idealistas e alienados seus destinos vão sendo traçados a medida que os militares vão se tornando mais duros e o movimento estudantil mais ativo. Os personagens principais são Maria Lúcia (Malu Mader), João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) e Edgar (Marcelo Serrado), que vivem um triângulo amoroso. Destaque para Heloísa vivida por Cláudia Abreu e seu pai, Zé Wilker. Além de Pedro Cardoso que vive uma espécie de Gilberto Braga estilizado.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bela, a Feia - Tiro no pé da Record

Quando as telenovelas invadiram o mercado latino-americano nas décadas de 50/60, a linguagem era única e o melodrama clássico, focado no drama familiar cheio de emoções exarcebadas. No Brasil não era diferente, foi assim que clássicos como O Direito de Nascer consagraram personagens como a mamãe Dolores, a mulher sofredora, mas conformada, que amava em excesso. O nosso país era invadido por textos recauchutados vindo principalmente do México, com histórias que se passavam em reinos distantes e sem um link com a atualidade. Com o rompimento desse formato e a saída definitiva de Glória Magadan da Globo, as novelas brasileiras passaram a ter uma linguagem própria, próxima do cotidiano do país e com discussões políticas e sociais misturadas aos ainda presentes casos de amor que regem o folhetim.

Desde então, as novelas do antigo formato ficaram conhecidas como "dramalhões mexicanos", mesmo se vindas da Colômbia, Venezuela, ou outro país latino. O fato é que essas tramas mais melosas, restritas ao seio familiar e com produções menos caprichadas ficaram reduzidas a um espaço específico e a um público específico, sendo consideradas inferiores pelo senso comum.

Sendo assim, após um mês de exibição da novela Bela, a Feia, podemos concluir que a versão da novela colombiana Bety,a Feia foi um verdadeiro tiro no pé da Rede Record. Ao contrário do que fizeram os americanos que melhoraram a linguagem, tornando Ugly Betty bem parecida com a maioria das sitcoms do país, a Record preferiu manter o formato da original, criando um estranhamento entre seus telespectadores.

Thiago Santiago não é nenhum gênio, escreve diálogos pífios, mas criou um público fiel. Quem gostava dos Mutantes e suas continuações, não deve estar gostando nem um pouco de Bela. E o resultado se vê no Ibope caindo a cada dia. Não acho que seja nem o problema do formato, mas da expectativa. Quem quer novela mexicana vai procurar novela mexicana. A Record não deveria ter simplesmente jogado o formato no susto.

Caso semelhante aconteceu com a Televisa, na tentativa de fazer um remake de Vale Tudo. Não funciona. A linguagem era brasileira demais para funcionar em outro país. Ou a história é universal (como a eterna Direito de Nascer, realizada em vários países) ou tem que sofrer uma adaptação na estrutura, na linguagem. Caso contrário, melhor reprisar a original mesmo.



Quanto a Rede Record, é preciso repensar o núcleo de teledramaturgia da emissora urgente. Seria triste após tanto investimento, assistir ao naufrágio desse pólo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Dias de Glória

Glória PerezA menos de um mês para o final da novela Caminho das Índias, Glória Perez pode se dizer uma vitoriosa. Conseguiu manter um bom índice de audiência em sua novela, criou mais uma mania nacional (todo mundo fala are baba ou canta "você não vale nada mas eu gosto de você") e conseguiu superar um câncer (linfoma, o mesmo da ministra Dilma). O que me impressiona nessa mulher é a força que ela tira não sei de onde. Além, claro, da proeza de escrever sozinha uma novela do horário nobre da Rede Globo.

Com uma vida marcada por tragédias, Glória Perez foi destaque da revista Trip desse mês. Vejam aqui a reportagem e entrevista, indicada pela minha amiga Juliana Brito. Ela perdeu dois filhos de maneira trágica, teve a responsabilidade logo no início de carreira de terminar uma novela de Janete Clair (que morrera de câncer antes de finalizá-la), superou a própria doença e ainda tem que lutar contra críticas maldosas e ataques na internet. É de se admirar.

Glória Perez fez Carmem na Manchete, um sucesso da extinta emissora, mas foi na Globo que escreveu suas melhores novelas. Posso parecer saudosista, e os fãs podem querer me condenar, mas ainda acho Barriga de Aluguel sua melhor obra. Claro que O Clone tem um belo texto, um desdobramento fascinante, um belo casal, mas a trama de Clara e Ana me senzibilizou de tal maneira que não consigo preterí-la a qualquer outra.

Das minisséries, fico com Hilda Furacão. Trama baseada na obra de Roberto Drummond, o primeiro papel de Ana Paula Arósio na Globo é fascinante, sendo uma das melhores minisséries que a Globo já exibiu.

Caminho das ìndiasDepois de falar de diversos avanços da ciência e abordar culturas diferente, Glória Perez resolveu falar da Índia. Em seu blog existem diversas curiosidades e dicas sobre o assunto, para quem quiser se aprofundar mais. Caminho das Índias, aborda também a questão da loucura, procurando diferenciá-la muito bem da psicopatia. Tarso (o esquizofrênico) e Ivone (a psicopata) são completamente diferentes. Enquanto um sofre com o distúrbio recém adquirido e sonha com a cura, a outra não demonstra a menor emoção, mesmo em situações difíceis. O psiquiatra vivido por Stênio Garcia faz questão de explicar todas as diferenças entre as duas doenças, sendo didático em excesso por vezes.

O fato é que Glória Perez possui um estilo próprio, carregado de melodrama clássico (herdado de sua mestra Janete Clair) que gera muitas críticas negativas. Há também a implicância quanto a língua falada em suas novelas "estrangeiras" e a rapidez com que os personagens cruzam distâncias imensas. Essas pessoas se esquecem do pacto ficcional e ficam apenas procurando defeitos nas obras alheias. Já pensou se cada filme ou novela fosse totalmente realista em questão de tempo e espaço? Melhor fazer um documentário.



Enquanto isso, os telespectadores mais normóticos vão torcendo para que Maya seja perdoada por Raj, que Tarso se cure e que Ivone sofra bastante antes do final dia 11 de setembro (que data foi cair, heim?).

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Adeus a Miguel Magno

Miguel Magno Doutora PercyOntem foi ao ar o último episódio de Toma Lá, dá Cá com a participação do ator Miguel Magno, falecido nesta segunda-feira, dia 17 de agosto. É estranho ver algo inédito de alguém que você sabe que já não está mais entre nós. Em A Grande Família aconteceu algo semelhante com o ator Rogério Cardoso.

Doutora Percy estava lá, tranquila em seu papel de divertir a audiência, sem ter idéia de que seu interprete diria adeus antes do fim. Internado desde o início de julho no hospital Paulistano, em São Paulo, o ator estava tratando um câncer, havia retirado o baço e estava aguardando o resultado de uma biópsia no fígado, informa a assessoria da Rede Globo.

Miguel MagnoNascido no Rio de Janeiro em 28 de março de 1951, Miguel Magno começou sua carreira no teatro, em 1984. Além de ator, ele era autor e diretor, mas ficou conhecido por fazer papéis femininos. Chegou a fazer o papel de 11 personagens mulheres diferentes na peça Quem tem medo de Itália Fausta? Atuou em novelas como "Felicidade" (1991), "Estrela Guia" (2001) e "A Lua Me Disse" (2005), na Rede Globo, além de Top Model. Na Rede Manchete, participou de “Helena” (1987) e “A História de Ana Raio e Zé Trovão” (1990). E no SBT, ele esteve em “Dona Anja” (1996) e “Direito de Nascer” (2001). Fez ainda na Globo a minissérie "Queridos Amigos",a série "Os Normais" (2003) e "A Diarista" (2004).

Seu personagem mais famoso é a Dona Roma de A lua me disse, novela de Miguel Falabela e Maria Carmem Barbosa. Vale lembrar esta reportagem do Vídeo Show, com o ator.



E uma cena da novela.


Uma homenagem mais do que merecida.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Melhores novelas de todos os tempos (?)

Em homenagem ao dia da televisão (11/08) o site na Poltrona publicou um texto com o que chamaram de as dez melhores novelas brasileiras de todos os tempos a lista surgiu de uma votação no blog, mas me causou um certo incômodo com a memória do público brasileiro, já que tirando Que Rei Sou Eu e Vale Tudo(que são de 1989 e 88) todas as novelas da lista são de depois de 90.

Resolvi, então, fazer uma lista com as minha preferidas. Para justificar melhor minha escolha, tive que ficar apenas com as que vi do começo ao fim. Chego a me sentir injusta em não colocar clássicos como Beto Rockfeller e Selva de Pedra(que só li ou vi cenas de arquivo) ou Irmãos Coragem e Dancin´Days (que vi apenas o compacto reprisado na Globo). Ficaram de fora também, boas novelas como Fera Radical, Top Model e Kubanacan, afinal tinha que escolher apenas 10.

Sei que gosto não se discute, mas procurem ver meus argumentos e façam as suas listas também, verão que não é nada fácil.

10 - Essas Mulheres
Coloquei a novela de Marcílio Moraes por ter sido a primeira grande novela da nova fase da Record, talvez a melhor até hoje. Um belo texto, um bom elenco, cenas memoráveis. Conseguiu tirar muita gente da Globo e deu substância para Rede investir em novelas.

9 - Renascer
Primeira novela de Benedito Ruy Barbosa na Globo, após a revolução feita com Pantanal. A primeira fase de Renascer é uma verdadeira obra de arte, Luis Fernando Carvalho se aprimorou na direção e conseguiu chamar a atenção de forma muito positiva. Como dizia o vilão vivido por José Wilker: "É justo, muito justo, é justíssimo".

8 - Roque Santeiro
Até hoje me lembro do último capítulo de Roque Santeiro, o condomínio onde morava parecia uma cidade deserta, todos estavam de olho grudado na tela, querendo saber quem iria ficar com a Viúva Porcina. Dias Gomes foi censurado em 1975, mas seu texto conseguiu sobreviver e marcar a teledramaturgia brasileira em 1985. Vale lembrar que Aguinaldo Silva levou boa parte da novela. Destaque principalmente para Regina Duarte em seu melhor papel na televisão.

7 - Pantanal
Em 1990, Benedito Ruy Barbosa estreou na Rede Manchete uma novela completamente diferente de tudo que existia. Ambientada no meio do Pantanal Matogrossense a saga dos Leôncio tinha uma linguagem lenta, contemplativa, cheia de casos do dia-a-dia e muito banho de rio. Uma trama tão bem sucedida que dezoito anos depois, o SBT conseguiu voltar ao segundo lugar de audiência, com a reprise da novela.

6 - Vale Tudo
Juntar Gilberto Braga e Aguinaldo Silva com a ajuda de Leonor Bassères só poderia dar em uma das tramas mais marcantes e comentadas de todos os tempos. Vale Tudo consegue ser até hoje lembrada, principalmente por seus vilões. A "banana" dada por Marco Aurélio no final da novela ficou na memória de todos como um retrato da corrupção do país. A pergunta "Quem matou Odete Roitman?" tem eco até hoje no imaginário popular. E a disputa entre mãe e filha de Raquel e Maria de Fátima ainda é tema de muitas conversas. Sem dúvidas, um clássico.

5 - Tieta
Baseado no livro de Jorge Amado, essa novela tem um tom brejeiro que encanta ainda hoje. A novela trouxe um clima mais ameno para história da mulher que é expulsa de sua cidade natal embaixo de cajadadas e volta vinte anos depois para se vingar. Tieta, no entanto, acaba se envolvendo com a cidade, trazendo melhorias para mesma, desistindo da vingança e criando situações hilárias. Sem dúvidas, a obra prima de Aguinaldo Silva na televisão.

4 - Que Rei Sou Eu?
Uma sátira ao Brasil e ao período de transição da ditadura militar para democracia, o texto de Cassiano Cabus Mendes é uma pérola que merece ser lembrada e estudada. Cassiano buscou inspiração em obras como Os três mosqueteiros e O homem da máscara de ferro, ambas de Alexandre Dumas, para escrever a primeira trama de capa e espada na nossa dramaturgia. A história se passava em 1786, as vésperas da Revolução Francesa que acabou com o absolutismo na França e inspirou movimentos libertários em todo o mundo. O país era a fictícia Avilan, onde o Rei Petrus II falecia deixando em testamento a existência de um príncipe bastardo. O rapaz era o rebelde Jean Pierre interpretado por Edson Celulari, mas o Bruxo Ravengar inventa um falso príncipe, pegando o mendigo Pichot (Tato Gabus Mendes) para treinar como seu discípulo e futuro rei. A aventura de capa e espada conquistou a todos e é até hoje a novela mais pedida no Vale A Pena Ver de Novo.

3 - Guerra dos Sexos
Em 1983, Sílvio de Abreu surpreendeu a todos com uma trama pastelão. Com um humor escrachado, contava a história de uma aposta maluca entre dois primos que se odiavam: Charlô e Otávio, vividos por Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Sempre lembrada pela já mítica cena de guerra de comida no café-da-manhã entre os dois primos, Guerra dos Sexos era muito mais do que isso. Era pautada na irreverência, no humor inteligente, nas disputas entre homens e mulheres. E claro, no romance, representado pelo casal Nando e Juliana. Com um dos maiores elencos já vistos na televisão, a novela foi sucesso absoluto criando um novo tom para o horário das 19hs na emissora.

2 - Força de Um Desejo
O nome parece de novela mexicana, o Ibope foi bastante modesto, mas o texto de Gilberto Braga e Alcídes Nogueira foi um verdadeiro primor e unanimidade em todos que assistiram com atenção. Conta a história da família Sobral, fazendeiros de café do século XIX, tendo como foco principal o romance entre Inácio Sobral e Ester Delamare, uma cortesã que se apaixona perdidamente pelo rapaz. Uma intriga promovida pela avó de Inácio, Idalina, acaba afastando o casal e Ester casa-se com o Barão Sobral, pai de seu amado. O romance proibido de Ester e Inácio contagiou. A produção era impecável, o elenco de estrelas e a trama bem amarrada e bem construída. A morte do Barão Sobral foi o melhor suspense já criado na teledramaturgia brasileira. Não era apenas mais um "quem matou". Ao estilo de Agatha Cristie, Giba surpreendeu a todos com a revelação de que era na verdade um serial killer e que tudo, não apenas fazia todo o sentido, como já tinha indícios desde o início.

1 - A Viagem
Se tem um autor injustiçado na Rede Globo foi Ivani Ribeiro, com um texto inteligente e clássicos memoráveis, a autora só conseguiu emplacar uma novela inédita na emissora. Sorte minha que pude conhecer através dos remakes feitos por ela própria (A Gata Comeu, Mulheres de Areia, Hipertensão, O Sexo dos Anjos) e, principalmente, esta que é para mim a melhor novela de todos os tempos. A Viagem consegue ser uma trama envolvente, curiosa, diferente de tudo que já foi visto e com uma linda mensagem. O que mais admiro no texto de Ivani Ribeiro é a capacidade que ela tem de emocionar sem ser piegas. Seus casais sempre começam brigando e aos poucos vão se descobrindo apaixonados, não tem tanto vai e vem sem nexo. Enfim, sou fã incondicional dessa mulher que nos deixou logo após terminar este clássico da teledramaturgia.


Sou suspeita, mas quer melhor final de novela que esse?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Dina Sfat - Palmas para que te quero

Dina SfatDe 17/7 a 16/9, o Centro da Cultura Judaica apresenta a Exposição Dina Sfat: Retratos da Atriz. Por meio de fotografias, figurinos e entrevistas, serão revisitadas as personagens vividas por Dina Sfat ao longo de seus 27 anos de carreira. A exposição tem curadoria de Antônio Gilberto, diretor e produtor teatral que conviveu com Dina Sfat.

Uma excelente homenagem a esta grande atriz. Forte, decidida, encantadora, Dina começou a carreira nos palcos em 1962, tendo participado ativamente do teatro de Arena. Trabalhou ainda no cinema, onde fez clássicos como Macunaíma e na televisão, sempre com grandes personagens a exemplo de Amanda de O Astro ou Fernanda de Selva de Pedra.

Como artista, participou ativamente de manifestações culturais e políticas, principalmente na época da ditadura militar. Foi casada com Paulo José, com quem teve três filhas, dentre elas a também atriz Bel Kutner. Uma curiosidade, o nome Sfat é em homenagem a terra natal de sua avó, seu sobrenome é Kutner de Souza.

Dina Sfat_Macunaina
Descobriu o câncer no seio, em 1986, mas não deixou de trabalhar, mesmo em tratamento. Já com a doença, viajou para a União Soviética e participou de um documentário sobre o país e os primeiros passos da Perestroika; escreveu um livro, publicado em 1988 (Palmas pra que te quero), junto com a jornalista Mara Caballero e fez a novela "Bebê a Bordo", seu último trabalho na TV. Fez ainda o filme "O Judeu" que só estreou em circuito após a sua morte.



Dina Sfat morreu em 20 de março de 1989, aos 50 anos de idade deixando muitos fãs saudosos que agora podem relembrar um pouco de sua carreira.

Serviço
Data: de 17/7 a 16/9
Horário: Segunda a sexta-feira, das 10h às 21h
Sábados e feriados, das 14h às 19h
Domingos: das 11h às 19h
Local: Galeria do CCJ

Entrada Franca - Aberto ao público

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mulheres à beira de um ataque de nervos

No capítulo de sexta-feira, a vilã Yvone teve um castigo após tantas armações. Os motivos não foram nobres, a briga foi por causa de uma jóia que Ramiro teria dado à amante, mas a desforra de Melissa Cadore acabou sendo uma catarse para todos os telespectadores. Não que eu seja adepta da violência, mas cenas de mulheres brigando já viraram clássicos da teledramaturgia brasileira. Aqui vai uma pequena lista das principais que eu lembrei. Quem lembrar de algo mais, comente.

Melissa e Ivone - Caminho das Índias
A começar pela própria cena. Melissa pega Ivone na sala de massagem do clube e dá uma surra tão forte que a vilã nem consegue se levantar. Haja sangue, hare baba.


Maria Clara e Laura - Celebridade
Outra cena extremamente violenta, a promoter Maria Clara prendeu a vilã Laura no banheiro e deu uma surra por todas as trapaças e humilhações impostas pela "cachorra" durante toda a novela. Acho que Malu Mader estava com um soco inglês, porque o rosto de Cláudia Abreu ficou quase desfigurado, um exagero, mas inesquecível.


Júlia e Yolanda - Dancin´Days
Aqui uma cena mais clássica de briga de mulheres. Puxão de cabelo, agarra de lá, puxa de cá. E as irmãs Júlia e Yolanda acertaram as contas depois de muita briga durante toda a novela. Mas, no final, acabaram fazendo as pazes. Sem dúvidas uma cena antológica que merece ser relembrada sempre.


Maria do Carmo e Nazaré - Senhora do Destino
A "anta nordestina" sofreu, mas conseguiu recuperar sua filha e de quebra partiu para cima da vilã Nazaré com toda a sua força. Outra cena clássica.


Maria Paula e Sílvia - Duas Caras
Aqui Maria Paula parte para cima de Sílvia, após a vilã ameaçar seu filho. Uma boa cena, mas não chega a ser uma das mais lembradas.


Izabel e Branca - Por Amor
Aqui não dá pra saber por quem torcer, já que nem Izabel nem Branca valem a roupa que vestem. A cena vale pela interpretação das duas atrizes, muito boa.


Solange e Maria de Fátima - Vale Tudo
Nesta cena, a briga é mais verbal que física, mas merece estar na lista só pelo prazer de ver Maria de Fátima sendo esculachada por Solange. Com muita classe, a moça deixa Fátima literalmente no chão.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Decamerão, mais uma promessa


A estreia de hoje na Rede Globo é a série "Decamerão - A comédia do sexo". A obra baseada na peça “Decameron”, de Giovanni Boccaccio, terá quatro capítulos e promete ser mais uma boa obra de Jorge Furtado na televisão.

A história já havia sido um especial de fim de ano da emissora, tendo uma boa aceitação do público.

Com um excelente elenco, a série irá contar a história de uma família bem peculiar. O patrão Tofano (Matheus Nachtergaele), sua mulher Monna (Deborah Secco), o padre Masetto (Lázaro Ramos), os criados Tessa (Drica Moraes) e Calandrino (Edmilson Barros), e o casal Filipinho (Daniel de Oliveira) e Isabel (Leandra Leal) se entrelaçam em histórias que têm como elementos principais o amor e o riso.

O roteiro foi todo composto em versos, ao estilo do cordel, uma novidade na adaptação, resta saber se funcionará bem na tela. O diretor Jorge Furtado está animado com as possibilidades.

"A tradição do verso popular no Brasil é muito rica. A poesia, o cordel, os repentistas e o hip hop seguem essa linha. Os diálogos construídos em versos estabelecem esta fronteira com o realismo. Estamos tão saturados da realidade que é fundamental dar às pessoas uma viagem ao mundo da imaginação" conta Jorge Furtado.

Após a boa Som&Fúria, vamos torcer para seja mais uma minissérie para ficar guardada na memória.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Bela, a feia

Bela a feiaEstreou na Record Bela, a Feia, versão brasileira da mundialmente conhecida Betty, a Feia, novela Colombiana escrita por Fernando Gaitán de sucesso. A novela foi produzida entre 1999 e 2001 pelo canal RCN, sendo exibida por três vezes no Brasil, pela Rede TV e tendo ganho versões em alguns países.

Nos Estados Unidos, Ugly Betty virou série, com uma diferença básica. A atriz que interpreta a personagem-título não é uma mulher linda enfeiada. America Ferrera é uma moça comum, gordinha e desajeitada de verdade, sendo que os produtores já disseram não ter a intenção de fazê-la ficar bonita como no final das tramas das novelas.

Na versão brasileira, a personagem título virou Ana Bela, mas o mote é o mesmo. Uma garota feia, desajeitada que começa a trabalhar como secretária de um bonitão presidente de uma agência (no orginal agência de moda, aqui uma agência de publicidade), com pouca experiência e cercado por pessoas que querem destruí-lo. A esperta Bela acabou o primeiro capítulo impressionando Rodrigo e já deverá começar a trabalhar na agência.

O primeiro capítulo variou entre o estilo colombiano da trama e o já conhecido universo da Rede. Quem assina a versão é Gisele Joras, a vencedora do concurso novos Roteiristas da Record, promovido pela emissora em 2006.

O visual de Gisele Itié como Bela, foi algo escondido a sete chaves pela emissora, uma estratégia interessante. A atriz ficou bem caracterizada, parecida com sua versão colombiana. Em pouco tempo, poderemos esquecer que se trata de uma bela mulher. O elenco bem variado também agradou e a novela promete fazer sucesso.

domingo, 2 de agosto de 2009

Sobrevivi à tempestade - apenas impressões

Acho que falar que iria voltar a postar com mais frequência acabou não trazendo sorte. Peguei uma gripe tão forte que pensei que estava com a nova moda mundial: A tal gripe suína. Uma semana de molho e após dois dias apenas dormindo, a televisão foi a grande companheira para curar a ressaca corporal. Vi de Jô Soares à Sônia Abrão e cheguei à conclusão que estou um pouco cansada da programação da televisão aberta. Parece que o mundo parou e continuamos insistindo na mesma tecla. Lembrei da frase de Cazuza eu vejo um museu de grandes novidades. Temos No Limite 5, promessas de A Fazenda 2 e a grande aposta do ano é Gugu na Record.

Mas pude assistir a Caras&Bocas e Paraíso, o que me surpreendeu. Ambas são novelas bem feitas, interessantes e que prendem a atenção do telespectador. Não posso dizer que tenha ficado fã e precise arrumar um jeito de acompanhá-las porque já tem coisa demais na minha lista prioridades. Mesmo assim, são boas novelas. A Globo bem feito um esforço para recuperar sua audiência perdida e as duas novelas parecem estar correspondendo. Jamais será igual a década de 80, seu auge, mesmo assim já atinge índices satisfatórios.

Mas, a grande questão parece ser mesmo o horário nobre. Caminho das Índias é a mais comentada, apesar de não parecer ser a melhor. As opiniões, no momento, se dividem em se Raj deve ou não saber a verdade sobre seus filhos (o falso e o verdadeiro). Eu, particulamente, não sei como Glória Perez vai resolver isso. Simplesmente colocar debaixo do tapete não vai funcionar. Mas, sabendo que cria o filho do dalit, como perdoar Maya? A protagonista voltar para Bahuan, ou o filho de Opash voltar para Duda também parece esdrúxulo demais. Esperemos até 11 de setembro para ver no que dá tudo isso.

E Senhora do Destino conseguiu resistir à pressão da classificação indicativa e terminou sua jornada com índices maiores do que os da novela das sete, mais um grande feito de Aguinaldo Silva. Resta saber se Alma Gêmea irá manter a boa audiência.